terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O anticomunismo nas Escolas militares

Por Uraniano Mota, no Correio do Brasil.

Imagino os jovens dos Colégios Militares, rapazes e mocinhas ardorosos obrigados a decorar algo como uma História vazia e violentadora, a que chamam História do Brasil – Império e República, de uma Coleção Marechal Trompowsky, da Biblioteca do Exército.

O nome, a origem, o marechal, por si, já não garantiriam um bom resultado. Estariam mais para pólvora que para a História. Mas não sejamos preconceituosos, ilustremos com o que os estudantes são obrigados a aprender, como aqui, por exemplo:

“Nos governos militares, em particular na gestão do presidente Médici, houve a censura dos meios de comunicação e o combate e eliminação das guerrilhas, urbana e rural, porque a preservação da ordem pública era condição necessária ao progresso do país.”

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Como o governo do PT banca a pior mídia do planeta

Por Leandro Fortes, no Diário do Centro do Mundo.

O recente levantamento publicado pela “Folha de S.Paulo” sobre despesas de publicidade do governo federal, nos últimos 14 anos, 12 dos quais sob o comando do PT, é, ao mesmo tempo, um espanto estatístico e um desalento político.

Foram 15,7 bilhões de reais despejados, prioritariamente, em veículos de comunicação moralmente falidos e explicitamente a serviço das forças do atraso e da reação. Quando não, do golpe.

O mais incrível é que 10 entre 10 colunistas cães de guarda da mídia não perdem a chance de abrir a bocarra para, na maior cara de pau, acusar blogueiros de receber dinheiro do governo para falar bem do PT.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Centenário de nascimento de Diógenes Arruda Câmara

Diógenes Arruda foi um dos principais dirigentes do PCdoB
Por Renato Rabelo, no site do PCdoB.

Na passagem do centenário de nascimento do grande brasileiro Diógenes Arruda Câmara, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) homenageia este destacado dirigente e construtor da legenda comunista.

No final da ditadura do Estado Novo, em 1943, Arruda esteve à frente dos organizadores da Conferência da Mantiqueira – conferência que colocou de pé a direção nacional do Partido, que fora desmantelada por feroz perseguição policial. Esse feito permitiu ao Partido Comunista do Brasil, então PCB, desempenhar um grande papel na luta contra o nazifascismo e pela reconquista da democracia em nosso país. Desde esta Conferência até 1957, ele assumiu, então, a importante Secretaria de Organização. Por isto, é impossível desassociar o seu nome das grandes vitórias do povo e do Partido ocorridas naquele período fértil da nossa história. O trabalho dele também foi decisivo ao sucesso do 4º Congresso (1954), que deu ao Partido o seu primeiro programa.

Décadas depois, entre 1978 e 1979, enfrentando outro regime de arbítrio – a ditadura militar –, Arruda atuou na organização da 7ª Conferência Nacional do PC do Brasil, realizada no exterior. Conferência que teve um papel fundamental na remontagem da direção do Partido, fortemente atingida pela Chacina da Lapa, ocorrida em 1976. João Amazonas sublinhava que Arruda era um dos melhores organizadores que o Partido teve.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Guerra Fria e a vitória cubana

Por Emir Sader, na Rede Brasil Atual:

Cuba sempre considerou que um governo democrata em segundo mandato – quando já não depende tanto da colônia cubana na Florida – era a maior possibilidade de que essa normalização se desse. Jimmy Carter não teve um segundo mandato. No final do segundo mandato de Bill Clinton, houve intensificação das ações terroristas contra Cuba – até com um avião jogando panfletos sobre Havana –, o que levou a que Cuba derrubasse um desses aviões, com a morte de dois tripulantes e, nos Estados Unidos, aprovação de leis ainda mais duras do bloqueio econômico.

Agora, intermediado por outros fatores – a prisão de um empresário norte-americano que levava materiais de comunicação a setores da oposição clandestina em Cuba e a campanha pela libertação de três dos cinco cubanos que ainda permaneciam nas prisões norte-americanas – confirmou-se a previsão: é um presidente democrata que protagoniza o restabelecimento das relações, no seu segundo mandato.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O interesse geopolítico contra Petrobras

Por Darío Pignotti, no site Carta Maior:

“Há vários interesses geopolíticos interferindo na crise da Petrobras”, afirma Luiz Gonzaga Belluzzo, ao lembrar que as petroleiras norte-americanas ficaram de fora da exploração de uma enorme reserva da área do pré-sal onde estão presentes companhias chinesas, associadas à estatal brasileira.

O professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e eventual assessor da presidenta Dilma Rousseff analisa o escândalo em torno da operação Lava Jato a partir de um ângulo geopolítico e econômico, evitando o alarmismo da velha imprensa, que parece interessada em “modificar o regime da partilha e voltar ao de concessão”, segundo afirmou em entrevista à Carta Maior. 

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O sistema financeiro atual trava o desenvolvimento econômico brasileiro

Manifestante do movimento #OcuppyWallStreet
Por Ladislau Dowbor, no Le Monde Diplomatique Brasil

Um debate fundamental pede passagem: a esterilização dos recursos do país por meio do sistema de intermediação financeira, que drena em volumes impressionantes recursos que deveriam servir ao fomento produtivo e ao desenvolvimento econômico. Os números são bastante claros e conhecidos, e basta juntá-los para entender.

O crediário

Comecemos pelas taxas de juros ao tomador final, pessoa física, praticadas no comércio – os chamados crediários. A Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) traz na Tabela 1 os dados de junho de 2014.
Antes de tudo, uma nota metodológica: os juros são quase sempre apresentados, no Brasil, como “taxa mês”, o que é tecnicamente certo, mas comercial e eticamente errado. É uma forma de confundir os tomadores de crédito, pois ninguém consegue calcular de cabeça juros compostos. O que é usado em todo o mundo é o juro anual. O Banco Itaú, por exemplo, apresenta em seu site as taxas de juros apenas no formato mensal, pois ao ano aparecem como são: extorsivas.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Mais liberdade de expressão, mais democracia

Por Lalo Leal, na Rede Brasil Atual

Brasil enfrenta e supera crises globais, tira milhões de pessoas da pobreza, preserva empregos e é respeitado no mundo. Mas não se livrou de uma grave deficiência: a falta de regras nas comunicações.

O país que se orgulha de estar entre as dez maiores economias do mundo, é uma das raras democracias em que os meios de comunicação agem sem limites, atuando apenas segundo os interesses de quem os controla. As vozes dissonantes ainda são sufocadas. Dessa forma, a democracia deixa de funcionar plenamente por não contar com um de seus principais instrumentos: a ampla circulação de ideias. Para enfrentar o problema é necessária uma regulação da mídia, capaz de ampliar o número de pessoas que têm o privilégio de falar com a sociedade.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Erundina: "Impeachment de Dilma é atraso e PSB está desconfigurado"

Luiza Erundina é deputada federal pelo PSB de São Paulo

Dona de opiniões fortes, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) deixou claro, em entrevista à edição desta segunda-feira do diário Valor Econômico, ser contrária ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), ao retorno dos militares e revela, ainda, que este será seu último mandato. Segundo Erundina, nos próximos anos, seu trabalho em Brasília terá como prioridade temas como a reforma política e a democratização das comunicações.

Sobre o PSB, partida ao qual é coligada, ex-prefeita de São Paulo não poupou críticas. Disse que o PSB está “desfigurado e sem personalidade”. Ainda segundo Luiza Erundina, o partido que apoiou o candidato Aécio Neves no segundo turno das eleições precisa voltar a ser socialista. Completou dizendo que “um partido não deve existir para disputar o poder a cada quatro anos, mas para propor soluções aos problemas estruturais do país”.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Por um masculinismo contra o machismo

Por Cynara Menezes, no Socialista Morena

Tenho dois filhos homens com uma diferença de 17 anos entre eles. E sempre me esforcei por ser uma mãe que não reforça estereótipos sobre masculinidade nem reprime a sexualidade ou a personalidade de nenhum dos dois –pelo menos, claro, não de forma consciente. Um dia, quando o maior tinha uns 8 anos de idade, resolvi lhe contar que quando eu era pequena os mais velhos viviam dizendo que homens não choram. Ele me olhou como se eu tivesse falado a coisa mais bizarra do mundo e disse:

– Sério? Nossa, que estranho.

Recentemente, resolvi repetir a “experiência” com o mais novo, de 6 anos. “Você sabia que quando eu era pequena diziam que homens não choram?”, perguntei. E ele respondeu:

– Mas eu não sou homem, sou uma criança!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Roberto Amaral: "Não ao golpismo"

Roberto Amaral é ex-presidente nacional do PSB
Por Roberto Amaral, na Carta Capital

O ex-presidente e ex-sociólogo FHC (“esqueçam o que escrevi”) pode orgulhar-se do laurel de ‘príncipe dos intelectuais orgânicos da direita’, correndo algumas cabeças à frente do inefável Gilmar Mendes, por sinal uma de suas piores crias. O magistério do ex-presidente, é ministrado, hoje, em entrevistas e "tijolaços" semanais publicados em dois jornalões brasileiros. No último domingo, FHC agride a inteligência de seus ex-colegas de USP ao ecoar uma bobagem criada por Aécio, o presidenciável derrotado. Afirma que, com o anúncio de sua equipe econômica, a presidente Dilma estaria desdizendo o que pregara na campanha, ignorando que, no presidencialismo, a política econômica é ditada pelo presidente. Ele se mede pelos fatos e não pelos seus operadores.

Outra bobagem, essa muito sua, é – por isso e por aquilo-- pôr em dúvida a legitimidade do mandato outorgado à presidente reeleita pela soberania popular. Em contorcionismo digno de sociologia de botequim, o ex-presidente tenta deslegitimar o pronunciamento eleitoral, ao escrever que a presidente teria sido eleita ‘apenas’ pela metade (que ele diz ‘atrasada’) do eleitorado brasileiro; daí resulta uma conclusão igualmente falsa, e reacionaríssima: a metade que votou no candidato da direita seria uma metade mais ‘qualificada, e mais ‘qualificada’ porque - e daí vem a saraivada de besteiras sediças – seria constituída de brasileiros moradores dos centros mais dinâmicos do país (outra mentira), portanto ‘mais capacitados’ e mais ‘independentes’.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Alba, inclusão e bem-estar humano são sua marca

Da Prensa Latina

Há 10 anos de sua fundação, a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) mostra resultados concretos em matéria de inclusão e bem-estar humano, destacou nesta quinta-feira (11) o embaixador alternado de Cuba nas Nações Unidas, Oscar León.

Em entrevista à Prensa Latina, o diplomata disse que essas têm sido as prioridades do bloco integracionista de nove países desde seu nascimento, no dia 14 de dezembro de 2004, por iniciativa dos líderes das Revoluções Cubana e Venezuelana, Fidel Castro e Hugo Chávez, respectivamente.

Trata-se de uma maneira de tornar realidade o acesso à educação, saúde e aos direitos humanos por todas as pessoas, incluindo os setores mais vulneráveis, algo que com tanta força se proclama na ONU, ainda que às vezes com muita hipocrisia, advertiu.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Lula chama para o debate político

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Vencida a votação da reforma orçamentária e aprovadas suas contas de campanha, espera-se que Dilma Rousseff, finalmente, assuma uma postura mais ofensiva na política.

O que consiste, agora, em começar a designar as peças com quem fará este jogo.

Os ministros da política.

Os da conciliação e os do enfrentamento.

Os que façam debate político que Lula pediu ontem, no Congresso do PT.

E tirem o governo da defensiva, sobretudo na questão das denúncias de corrupção, como fez ontem o ex-Presidente:

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

“A principal dívida do PT é não ter feito a regulação da mídia”, diz o governador eleito do Maranhão, Flávio Dino

Flávio Dino e Dilma Rousseff na Conferência do PCdoB
Da Rede Brasil Atual

Vencedor no Maranhão, político do PCdoB fala em unir forças progressistas no combate à desigualdade e à mídia oligárquica. Para ele, governos Lula e Dilma, ao não mexer com as comunicações, abriram a guarda para o golpismo

Toma posse no governo do Maranhão em 1º de janeiro o comunista Flávio Dino. O candidato do PCdoB derrotou no primeiro turno, com 63,53% dos votos, Lobão Filho, do PMDB e uma coligação de outros 17 partidos, do DEM ao PT, com apoio do Palácio do Planalto. Como Dilma não foi ao estado, corria nas ruas e bastidores que a presidenta (que teve ali 78,76% dos votos) torcia calada por Dino. A militância petista, por sua vez, fez campanha aberta pelo nome que derrotaria o império econômico e midiático das famílias Sarney e Lobão, que detêm jornais e emissoras de rádio e TV, inclusive retransmissoras da Globo e do SBT no estado.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

América Latina e a vitória de Dilma

Chefes de Estado sul-americanos na inauguração da sede
da Unasul, em Quito, Equador
Por Monica Valente, na revista Teoria e Debate:

Terminamos o ano de 2014 com resultados eleitorais bastante auspiciosos na região latino-americana e caribenha. A despeito de terem sido processos de intensa disputa, as eleições deste ano em El Salvador, Bolívia, Brasil e Uruguai inscrevem na história de nossa região a vontade inequívoca de nossos povos de continuidade das políticas antineoliberais, de inclusão social, combate à pobreza, de integração soberana entre nossas nações e de construção de um mundo multipolar, de paz e solidariedade.

A vitória da presidenta Dilma Rousseff, em razão da dimensão do Brasil, de sua economia e sua população, tem um significado geopolítico bastante relevante. Nossos adversários internos propuseram nesse processo eleitoral uma outra visão de política externa, diferente daquela que foi vitoriosa. Defenderam a subordinação da economia brasileira aos interesses das empresas multinacionais, através da inserção nas cadeias produtivas internacionais, implicando de imediato em maior abertura comercial, políticas de austeridade, proteção aos investidores, flexibilização de direitos e redução do papel do Estado na vida dos povos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Por que a direita odeia o Foro de São Paulo?

Por Breno Altman, no Opera Mundi

A realização do XIX Encontro do Foro de São Paulo, nesta última semana de julho, está provocando urticárias entre as fileiras de direita. Apesar do relativo silêncio da velha mídia, grupos de distintos naipes agitam a blogosfera contra o evento. Não faltam sequer ameaças de violência e terror.

Desde filósofos de bordel, como Olavo de Carvalho e seus cupinchas, a refinados intelectuais do tucanato, passando por vira-casacas da estirpe de Roberto Freire e Alberto Goldman, há um coro conservador contra a entidade fundada em 1990.

De tradicionais filiados a cristãos-novos do reacionarismo, forma-se frente contra uma esquerda que teve o desplante de se reconstruir e forjar alternativas de poder por toda a América Latina. Um cenário aparentemente inacreditável na origem do Foro.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Projeto do fim dos autos de resistência pode ser votado ainda em dezembro

Por Igor Carvalho, no Opera Mundi

Autor do Projeto de Lei 4471/12, que acaba com a possibilidade de que assassinatos cometidos por policiais sejam justificados por meio de autos de resistência, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) está correndo contra o tempo e negociando com opositores para que a matéria seja votada ainda em dezembro.

“Consideramos o momento adequado para retomar o debate sobre o PL, em caráter de urgência, e fazer os ajustes necessários para votá-lo ainda neste ano. Até porque teremos um Congresso mais conservador no ano que vem, o que pode criar novos entraves para a tramitação do PL, já aprovado em todas as comissões da Câmara”, afirmou Teixeira.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Eu sou Estádio, e não Arena

Antiga Fonte Nova lotada em jogo do Bahia
Por Caio Botelho

A frase acima foi retirada de um dos cantos entoados pela Torcida Organizada Bamor, do Esporte Clube Bahia. Sintetiza, de certo modo, o sentimento de que o modelo de Arenas adotado principalmente para atender as exigências da Copa do Mundo não logrou êxito quando o assunto foi a popularização do acesso a esses equipamentos.

O que é no mínimo contraditório, considerando que o futebol é justamente o esporte mais popular em nosso país. Entretanto, até a 37ª e penúltima rodada do Campeonato Brasileiro de 2014, a média de público é apenas de 16.451 torcedores por jogo, com uma ocupação de 40% da capacidade dos estádios por partida¹.

Mesmo o Cruzeiro, campeão do ano e que detém a maior bilheteria por jogo (28.780 torcedores), não ocupa mais do que 47% do Mineirão, cuja lotação é de 61.846 lugares. Já o Flamengo, por sua vez, preenche um pouco mais de um terço (35%) da capacidade de 78.838 lugares do Maracanã.

Piketty: “Temos de taxar mais a renda e menos o consumo e os salários”

Thomas Piketty
Por Bruno Pavan, no Brasil de Fato

Um dos maiores trunfos do capitalismo é seu dinamismo e sua capacidade de se reinventar a cada crise que sofre. No século 19, Karl Marx havia desvendado esse mistério em O Capital, obra máxima que explicou o funcionamento do sistema que recém havia tomado corpo.

Desde então, já foram muitas as reinvenções do capitalismo. Os acordos de Breton Woods, assinados em 1944, foi uma das maiores delas, visto a urgência de ditar uma nova ordem econômica após a grande depressão de 1929 e a Segunda Guerra Mundial. Para não entregar os dedos, alguns anéis tiveram de ser cedidos pelos capitalistas.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Governo Dilma: uma democracia em disputa

Por Saul Leblon, na Carta Maior

Dizer que o segundo mandato da Presidenta Dilma será um governo em disputa é correto mas ainda insuficiente para caracterizá-lo.

E, sobretudo, para antever o que vem pela frente.

O requisito da exatidão não é um preciosismo conceitual. Há consequências políticas em jogo.

Um governo em disputa, dentro de uma ampla coalizão de interesses, assim foram todos os mandatos conquistados pelo campo progressista desde 2002.

A singularidade atual não deriva apenas do grau da disputa, sem dúvida o mais extremado desde o dramático torniquete armado contra o primeiro governo Lula, em 2003.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Desafios do desenvolvimento: A centralidade da política

Por Clemente Ganz Lúcio*, na Caros Amigos

Há um movimento nos últimos anos, que não é pequeno, porém ainda é insuficiente para recolocar o debate da economia política do desenvolvimento com vistas a instruir as escolhas de política econômica do Brasil. Isso significa enfrentar o movimento de uma economia de mercado que atua para constituir uma sociedade de mercado. O ideário neoliberal da supremacia do mercado e de prevalência do privado sobre o público cria um sentido no qual “passamos de um universo em que aquilo que realmente tem valor não tem preço para um outro universo, que vemos instalar-se diante dos nossos olhos, no qual aquilo que não tem preço não tem realmente valor”, como diz o filósofo Patrick Viveret, na obra Reconsiderar a Riqueza.