domingo, 16 de novembro de 2014

As bobagens ideológicas em torno do superávit primário

Por José Carlos de Assis*, no Jornal GGN


O que os economistas de mercado chamam, pejorativamente, de "criatividade fiscal", com o propósito explícito de expor ao mundo a "falta de transparência e de credibilidade" do Governo, não tem o menor efeito ou a menor importância macroeconômica. Ao contrário, é apenas a expressão ideológica da corrente central do neoliberalismo para a qual a economia é um conjunto de relações individuais dominadas, não por interesses reais, mas por "expectativas racionais" num mercado de acesso igualitário a informações.
Vejamos por partes. A crítica da "criatividade" diz respeito à intenção do Governo de esconder a queda do chamado superávit primário – o que a imprensa chama de "economia" para pagar o serviço da dívida pública. Para que serve esse superávit primário do ponto de vista ideológico? Serve, dizem eles, para conquistar a confiança do mercado no pagamento da dívida pública e controlar a inflação. Não havendo superávit, teríamos que concluir, não há garantia de pagamento dos títulos da dívida do Governo.