Por Antonio Luiz M. C. Costa, na Carta Capital
Há males que vêm para o bem quando se sabe fazer uso deles. Michelle Bachelet foi acossada por uma denúncia de tráfico de influência por parte de seu filho e pela revelação de financiamentos ilegais e contratações suspeitas de políticos – na maioria da direita, mas também figuras importantes da sua coalizão e um de seus ministros – por grupos financeiros e de mineração como Luksic, Penta e Soquimich.
A imagem de um Chile isento de corrupção mostrou-se tão ilusória quanto a ideia dos anos 1960 de que suas Forças Armadas eram “profissionais” e não cederiam à tentação do golpismo latino-americano. Foi seriamente prejudicada a popularidade da presidenta, mas isso a ajudou a impulsionar a reforma política, incompleta desde o fim da ditadura.