Buscar soluções que preservem a soberania dos povos da floresta e dos países latino-americanos e investir em tecnologia própria. Essas foram algumas das alternativas citadas no seminário “Desenvolvimento sustentável: modelo alternativo na América Latina”, na manhã desta quarta-feira (25), na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre (RS), durante o Fórum Social Temático 2012.
“Dominar os recursos naturais passou a ser mais uma tática do imperialismo norte-americano de dominação hegemônica sobre os países em desenvolvimento, como o Brasil. Mudam as táticas, mas não os objetivos. Além da pressão histórica sobre a Amazônia, que detém água, calor, território e biodiversidade. Somos um alvo permanente”, pontuou Eron Bezerra, secretário estadual de Produção Rural do Amazonas, que integrou a mesa de discussão, organizada pela Fundação Maurício Grabois, Fundação Perseu Abramo e Foro de São Paulo.
“O que vamos enfrentar na Rio+20 é a hegemonia dos países desenvolvidos. Portanto, vamos discutir sim, mas a nosso modo, sem abrir mão da soberania, investindo em tecnologia e conhecimento”, completou.
Membro do Comitê Central do PCdoB, responsável pelas questões amazônica e indígena, Eron Bezerra classifica os agentes que atuam sobre a questão ambiental de três maneiras. Os santuaristas ou neomalthusianos, que defendem o controle de todo e qualquer recurso natural, com crescimento zero, impedindo o desenvolvimento a qualquer custo, onde os Estados Unidos se integram. Os produtivistas, que são o oposto dos santuaristas. Estão dispostos a destruir tudo em nome do crescimento e produtividade. E os sustentabilistas são os que procuram desenvolvimento partindo da premissa de que todo recurso é finito e, por isso, investem na manutenção dos recursos, a partir de ações como manejo sustentável.
“Eu me enquadro nesse terceiro grupo. É preciso buscar fontes alternativas de renda para a preservação e isso inclui gerar renda para as comunidades locais”, explicou Bezerra, que é autor do livro Amazônia, esse mundo à parte.
Um dos exemplos citados por Eron Bezerra, que está sendo desenvolvido na região do Solimões, dentro da Reserva de Mamirauá, região amazônica, é o Bacalhau da Amazônia, lançado em novembro de 2011, com investimento de R$ 1,5 milhão, gerando 1.100 postos de trabalho, de ponta a ponta da cadeia produtiva.
“Enquanto não dermos alternativas à comunidade local, ela vai continuar contribuindo com a biopirataria naquela região. Temos muitos casos registrados de espécies vegetais e animais que foram levadas e transformadas em patentes. Como o cupuaçu”, lamentou o secretário de estado.
Novas metas podem ficar para 2030Guilherme Patriota, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, adiantou que está previsto um acordo entre todos os países durante a Rio+20 que estabelecerá um conjunto complementar de metas.
“A partir da Conferência terão um prazo para se aprovar as metas do desenvolvimento sustentável que incorporam objetos de sustentabilidade econômico-social às metas antigas, referentes ao desenvolvimento humano”, disse Patriota.
Segundo ele, os países terão até 2015 para debater e definir essas metas e estima que terão até 2030 para cumprirem as mesmas. “É uma oportunidade para debate-las regionalmente, entre nós, América Latina, América Central e Caribe. Uma grande oportunidade para promover um debate mais amplo”, concluiu o assessor especial
A coordenação do seminário ficou sob a responsabilidade de Valter Pomar, secretário executivo do Foro de São Paulo.
Fonte: Portal Vermelho
de Porto Alegre
Deborah Moreira
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