Este artigo, escrito em 1977, foi publicado pela primeira vez na Europa, por ocasião do 60º aniversário da Grande Revolução Socialista de Outubro. Devido às circunstâncias da época, de vigência da ditadura militar no Brasil, teve pouca divulgação em nosso país. Por conservarem as idéias nele contidas grande atualidade, republicamo-lo agora, quando a grande façanha dos revolucionários proletários russos completa 97 anos.
Por João Amazonas
Há sessenta anos ocorria a maior revolução da história da Humanidade, a Grande Revolução Socialista de Outubro. Sob a direção do Partido Bolchevique e de seu eminente chefe, Vladimir Ilitch Lênin, o proletariado – aliado às massas pobres do campo – derrubava o Poder da burguesia, destruía o império secular dos czares, criava a República dos Sovietes. A bandeira vermelha da foice e do martelo, no Palácio de Smolny, em Petrogrado, anunciava o surgimento de uma nova época, a época de dominação de uma nova classe, oprimida em todos os países capitalistas, a era das revoluções proletárias, da transição do capitalismo para o socialismo.
A revolução nascia durante a guerra imperialista. Milhões de trabalhadores das cidades e do campo, famintos, extenuados por um conflito mortífero que já durava quatro anos, revoltados pelo massacre originado da disputa entre potências capitalistas responderam ao apelo dos bolcheviques e se levantaram em insurreição gloriosa que pôs fim ao domínio bárbaro das forças reacionárias. Pela primeira vez, assinalava Lênin, os escravos revidavam a guerra dos senhores proclamando abertamente: "transformemos esta guerra entre escravistas pela divisão do saque, numa guerra dos escravos de todas as nações contra os escravistas de todas as nações".
O estrondo da queda de um dos mais antigos bastiões da reação estremeceu não apenas a Rússia. Repercutiu no mundo inteiro, infundindo ânimo aos espoliados e oprimidos. A aspiração sentida da classe operária de sacudir o jugo da exploração capitalista, o sonho milenar dos camponeses de se verem livres da opressão latifundiária tornavam-se, afinal, realidade para uma sexta parte da Humanidade. A revolução foi saudada com entusiasmo e espírito de luta. Espontaneamente, um poderoso movimento de apoio e solidariedade aos revolucionários da recém-surgida república soviética tomava impulso. Greves, ações de massas, revoltas e insurreições traduziam por toda parte o sentimento de rebeldia reinante no mundo do trabalho.
A revolução nascia durante a guerra imperialista. Milhões de trabalhadores das cidades e do campo, famintos, extenuados por um conflito mortífero que já durava quatro anos, revoltados pelo massacre originado da disputa entre potências capitalistas responderam ao apelo dos bolcheviques e se levantaram em insurreição gloriosa que pôs fim ao domínio bárbaro das forças reacionárias. Pela primeira vez, assinalava Lênin, os escravos revidavam a guerra dos senhores proclamando abertamente: "transformemos esta guerra entre escravistas pela divisão do saque, numa guerra dos escravos de todas as nações contra os escravistas de todas as nações".
O estrondo da queda de um dos mais antigos bastiões da reação estremeceu não apenas a Rússia. Repercutiu no mundo inteiro, infundindo ânimo aos espoliados e oprimidos. A aspiração sentida da classe operária de sacudir o jugo da exploração capitalista, o sonho milenar dos camponeses de se verem livres da opressão latifundiária tornavam-se, afinal, realidade para uma sexta parte da Humanidade. A revolução foi saudada com entusiasmo e espírito de luta. Espontaneamente, um poderoso movimento de apoio e solidariedade aos revolucionários da recém-surgida república soviética tomava impulso. Greves, ações de massas, revoltas e insurreições traduziam por toda parte o sentimento de rebeldia reinante no mundo do trabalho.
As grandes conquistas da Revolução
Desde seus primeiros instantes, a revolução fez saltar em pedaços os alicerces do regime retrógrado. No curso de algumas semanas mudou completamente a fisionomia da velha Rússia. Os restos medievais foram varridos de ponta a ponta, como antes em nenhum outro país se conseguira fazê-lo. Caíram a monarquia e seu sistema de castas privilegiadas, a terra foi entregue aos que nela trabalhavam, a mulher adquiriu direitos iguais aos do homem, a religião deixou de ser assunto do Estado. Às nacionalidades não-russas outorgaram-se suas próprias repúblicas e regiões autônomas.
Mas a revolução não se deteve nas tarefas de cunho democrático-burguês levadas às últimas consequências. Como sublinhou Lênin, estas reformas eram produto acessório da luta revolucionária. A classe operária, dirigida pelos bolcheviques, organizou solidamente o Estado de ditadura do proletariado, instaurou a democracia para a imensa maioria do povo. Trilhando caminhos novos, iniciou as transformações socialistas da economia. As fábricas, as usinas, os bancos, o sistema de transporte passaram às mãos dos trabalhadores. Os revolucionários venceram os duros anos de fome e da completa desorganização econômica, causados pela guerra. Impulsionaram a eletrificação do país, elaboraram os famosos planos quinquenais. A industrialização desenvolveu-se a ritmos acelerados, teve lugar a coletivização da agricultura.
Em menos de quarenta anos (até a morte de Stalin), prazo relativamente curto e dentro do qual sucedeu uma guerra devastadora, a União Soviética passou por profunda metamorfose. De país atrasado transformou-se num dos mais avançados, com uma poderosa indústria, uma agricultura moderna, uma eficiente defesa nacional. De nação inculta converteu-se num grande centro de cultura onde florescia a ciência de vanguarda. Sob o cerco capitalista, construiu um novo sistema de economia, alheio às crises, à inflação e ao desemprego. O proletariado e as massas camponesas elevaram grandemente seu nível de vida. Desapareceram os males da infância abandonada e da velhice desamparada.
A União Soviética constituiu-se num forte baluarte da revolução mundial, numa fortaleza invencível do proletariado. Fonte de inspiração e alento para os explorados e oprimidos, a URSS ajudava desinteressadamente os povos em luta contra a repressão e as agressões estrangeiras. O Partido Bolchevique e a III Internacional, criada por Lênin, não mediam esforços na formação das vanguardas proletárias e na difusão do marxismo-leninismo, guia e arma de combate para a libertação nacional e social. Eram o centro em torno do qual se unia o movimento operário e comunista em expansão e cada vez mais ativo.
Sem poder vencer a União Soviética nos planos econômico, social e político, o capital financeiro internacional ajudou Hitler a chegar ao Poder e preparar a guerra contra a Pátria do Socialismo. Mas a URSS venceu também essa dura prova. Com o apoio dos povos e sob o comando sábio de Stalin, enfrentou a maior máquina bélica já posta em movimento, derrotou os inimigos nazistas, dando valiosa contribuição à luta emancipadora em todos os Continentes. Desse confronto entre o capitalismo e o socialismo, surgiu toda uma série de países de democracia popular na Europa. O prestígio do socialismo estendeu-se mais ainda.
Nos anos de após-guerra, o Estado Socialista cicatrizou rapidamente as feridas deixadas pelo conflito mundial, reorganizou sua economia e continuou avançando em todos os terrenos.
Tudo isso foi feito sob a ditadura do proletariado.
Hoje, quando a burguesia e seus lacaios esforçam-se para tentar desmoralizar o socialismo, para toldar os grandiosos êxitos alcançados pelo proletariado a fim de minar a sua consciência de classe e desviá-lo da luta consequente, é importante destacar o significado concreto da revolução proletária na Rússia, o gigantesco salto que ela representou no desenvolvimento da Humanidade. O socialismo deu provas irrefutáveis de sua imensa superioridade sobre o capitalismo. A vida comprovou cabalmente a viabilidade da edificação da nova sociedade. Os operários mostraram que podem viver sem patrões e sem exploração, são capazes de organizar e dirigir com sucesso toda a atividade da nação.
Não por acaso, os imperialistas empenharam-se a fundo para solapar e destruir o socialismo na URSS, o que conseguiram, combinando a pressão e a chantagem externa com o trabalho de seus agentes, do tipo de Tito, e a ação interna antileninista dos elementos de mentalidade capitalista, da espécie de Kruschev, Brejnev, Suslov e cia.
A traição revisionista
Com a morte de Stalin, as grandes conquistas da classe operária sofreram grave revés, regrediu o socialismo. Isto não se verificou em consequência de um ataque direto e do exterior por parte dos países capitalistas. A experiência histórica já havia demonstrado que o imperialismo, por mais feroz e agressivo que fosse, não tinha condições de abalar e derrotar o inexpugnável reduto do proletariado.
O golpe partiu de dentro, do seio das fileiras operárias, onde se tinham emboscado inimigos de classe.
Utilizando a demagogia e indicando falsas perspectivas, esses inimigos – personificados na camarilha kruschevista que ascendera por meio de sujas manobras a posições importantes na direção do Partido e do Estado – revisaram o leninismo em questões essenciais, e destruíram a verdadeira organização de vanguarda da classe operária. Inicialmente, concentraram seus ataques em duas direções: contra o núcleo dirigente do Partido e contra o marxismo-leninismo, este representado por Stalin, fiel discípulo de Lênin, porta-bandeira das idéias revolucionárias. O núcleo dirigente foi arrasado através de golpes baixos, inclusive com o emprego do Exército. Sob o disfarce de combate ao culto à personalidade, Kruschev e seus sequazes enlamearam as obras e a memória daquele que esteve à frente do partido e do Estado durante um longo período de construção do socialismo, que havia conduzido a União Soviética, de vitória em vitória, a uma situação invejável. Stalin, depois de Lênin, foi a figura mais destacada e brilhante da Revolução Proletária. Teórico e prático de grande mérito, soube orientar-se com acerto nas circunstâncias mais adversas, prever os acontecimentos e sortear todos os obstáculos à marcha da revolução.
Kruschev e sua camarilha, assim procedendo, abriam caminho para o retorno ao capitalismo, para a difusão do revisionismo contemporâneo.
O XX Congresso do PCUS, em 1956, foi um marco na escalada da traição. Elaborou uma linha oportunista que afetava o movimento operário e comunista mundial. De acordo com essa linha, a revolução deixava de ser o centro da estratégia revolucionária. Seu lugar passava a ser ocupado pelas proposições de tipo pacifista: o caminho pacífico, parlamentar; a competição pacífica; e a coexistência pacífica kruscheviana. O argumento para justificar essa mudança era o aparecimento na arena internacional de uma nova correlação de forças favorável à revolução. Argumento incoerente porque se a revolução tornara-se mais forte não havia razão para abandonar a senda até então seguida – que lhe granjeara poderio, lhe assegurara grandes vitórias – e buscar outra trilha na qual as forças progressistas ingressariam enrolando as bandeiras revolucionárias.
Essa linha oportunista transformava as vanguardas do proletariado em destacamentos social-democratas, nacionalistas. Ao invés de partidos combativos, temperados na luta de classes, capazes de fazer a revolução e conquistar o poder político, passavam a ser agrupamentos destinados à colaboração com a burguesia, sustentáculo do capitalismo.
Em congressos posteriores, o PCUS fundamentou toda uma doutrina antileninista, uma suposta nova via para o comunismo na URSS. Semelhante doutrina consagrava a liquidação do Estado de ditadura do proletariado cuja existência os clássicos do marxismo-leninismo reputavam indispensável, até a passagem ao estágio do comunismo. Para substituí-lo, os revisionistas indicavam um pretenso Estado de todo o povo. Desaparecia também o caráter proletário do Partido. Este se convertia numa organização sem cunho social definido, o Partido de todo o povo.
Palmilhando o caminho da traição, Kruschev, Brejnev et caterva nunca deixaram de acenar com a bandeira leninista, de dizerem-se partidários do comunismo, defensores do Estado socialista. Ainda agora têm o despudor de comemorar cínica e pomposamente a passagem do sexagésimo aniversário da revolução que renegaram há mais de vinte anos. Sua conduta é de uma hipocrisia sem limites. E isto não é acidental. Eles sabem que o leninismo e o comunismo penetraram na consciência das massas. Precisam manter no rosto a máscara de leninistas para enganar os trabalhadores. Do contrário, seriam enxotados como porcos imundos dos postos que ocupam. Mas essa máscara não poderá se manter por muito tempo, deteriora-se cada vez mais. Chegará o dia em que os farsantes sairão à força da cena política. Serão amontoados como resíduos desprezíveis nas lixeiras da História.
Tornaram-se evidentes as desastrosas consequências da viragem empreendida na URSS
Aonde conduziu a linha oportunista
Passadas duas décadas desde que Kruschev e seus apaniguados adotaram o revisionismo, pode-se ver com clareza aonde conduziram os ataques a Stalin e ao marxismo-leninismo, aonde levou a linha oportunista do XX Congresso do PCUS. Levaram à negação total da Grande Revolução Socialista de Outubro, à divisão e ao esfacelamento do movimento operário e comunista mundial. Um sulco de lama e sangue, um montão de vilezas e traições deixou o kruschevismo nos países outrora socialistas e no antigo movimento proletário. Como a peste que contagia, o revisionismo contemporâneo enfermou boa parte do organismo antigamente revolucionário.
Até a morte de Stalin, os povos de todo o mundo podiam contar com o apoio e a ajuda desinteressada da União Soviética. Moscou era a capital do mundo proletário-revolucionário. Os explorados e oprimidos acreditavam na URSS, em Stalin, no PCUS. E sentiam como suas as vitórias obtidas na construção do socialismo. Hoje, em parte alguma predominam tais sentimentos. A União Soviética de país socialista transformou-se numa superpotência social-imperialista em disputa, com os Estados Unidos, da hegemonia mundial. O Exército Vermelho, de tradições libertadoras, passou a tropa de ocupação de países vizinhos e peça fundamental do agressivo Pacto de Varsóvia. Em vez de baluarte da revolução, a URSS é agora um esteio da contra-revolução. Onde estende suas garras, ameaça a independência nacional, implanta a espoliação imperialista, estabelece bases militares. O internacionalismo foi substituído pelo nacionalismo feroz, chauvinista, de grande potência.
Atualmente, não são os povos que se voltam para a União Soviética, mas governos reacionários e antipopulares em busca de "ajuda", de investimentos, de negócios armamentistas, de entendimentos destinados a esvaziar o movimento revolucionário – da mesma forma que se dirigem a Estados Unidos, França, Alemanha, Inglaterra, Japão.
A grande maioria dos antigos partidos proletários – fundados sob a égide da III Internacional, que chegaram a ser partidos de massas, prestigiosos, dirigentes respeitados da luta pela revolução nacional e social em seus países – converteu-se em oportunistas de alto bordo. O revisionismo soviético forneceu a base teórica e ajudou politicamente essa conversão. Adaptando-se às proposições pacíficas de Kruschev, evoluíram com rapidez para posições reformistas, social-democráticas, nacionalistas e chauvinistas. Abandonaram a linha proletária, como linha supostamente dogmática, e adotaram uma orientação burguesa, de colaboração de classes. Hoje, são descarados bombeiros da luta social, os mais ardentes defensores do capitalismo, fabricantes de fórmulas miraculosas para salvá-lo da derrocada final.
O movimento operário e comunista mundial cindiu-se profundamente. Na atualidade, é representado pelos Partidos que se mantêm fiéis ao marxismo-leninismo – que resistiram à linha kruschevista ou se reconstituíram na luta contra o revisionismo contemporâneo. Os Partidos que seguiram as teses revisionistas não podem de nenhuma maneira manter laços estreitos, internacionalistas consequentes, e traçar de modo independente objetivos comuns porque isto entra em choque com os interesses nacionalistas que eles representam e defendem. Cada um deles, serviçal da burguesia de seu país, atua segundo as conveniências dessa burguesia. Os soviéticos esforçam-se para manter a aparência de unidade entre tais partidos. Periodicamente, convocam reuniões e tiram documentos conjuntos. Mas essas reuniões e esses documentos, ao contrário da unidade, revelam as profundas divergências existentes, em particular entre os partidos ditos comunistas dos países imperialistas e o da União Soviética.
Um dos resultados mais chocantes da perfídia kruschevista foi a reabilitação dos traidores da causa proletária. À chamada comunidade socialista, Kruschev, Brejnev e seus parceiros trouxeram – corno não podiam deixar de fazer – os renegados do socialismo. Já em 1954, astuciosamente, Kruschev reintroduzia Tito nas fileiras internacionais do proletariado. "Querido camarada Tito", com essas palavras ele iniciava a recuperação de um agente descarado do imperialismo, que destruiu o Partido na Iugoslávia, fuzilou revolucionários autênticos e fez, antes que ninguém, seu país abandonar o socialismo e retroceder para o capitalismo. Desde então, a aproximação a Tito passou a ser índice esclarecedor para se avaliar com segurança a conduta dos que se afastam do caminho revolucionário. Seguiram-se outras reabilitações, corno a de Gomulka na Polônia, oportunista e nacionalista empedernido que a classe operária polonesa teve de escorraçar alguns anos depois de entronizado pelos soviéticos.
As complicadas acrobacias literárias de Brejnev, Suslov e cia., tentando impressionar o auditório soviético e mundial sobre falsos êxitos conseguidos com a linha revisionista, não conseguem esconder a dura realidade. Tal linha conduziu a fracassos evidentes, à corrupção da consciência de classe de boa parte do proletariado, à renegação do movimento revolucionário, à transformação de países socialistas e de partidos operários em seguidores do caminho capitalista.
Tudo isto vem reforçar ainda mais a convicção dos revolucionários proletários da justeza do caminho de Outubro, impõe a necessidade de sua defesa para tornar vitoriosos os ideais do comunismo.
O único e verdadeiro caminho
Ainda que os revisionistas e oportunistas tenham maculado, com seus ataques, suas infâmias e deturpações, a revolução e o socialismo, é impossível obscurecer o esplendor da Grande Revolução Socialista de Outubro. Ela continua indicando o único e verdadeiro caminho para a emancipação da classe operária, para a construção da sociedade sem classes – a sociedade comunista.
Os ensinamentos de Lênin e de Stalin, gigantes do pensamento e da ação revolucionários, o exemplo do período de efetiva construção do socialismo na URSS, permanecerão eternamente vivos, incutindo audácia e espírito de decisão a todos que anelam o término da exploração e da opressão, que desejam enterrar definitivamente o apodrecido sistema capitalista em suas diferentes formas. O caminho de Outubro estará sempre na ordem-do-dia até que essa magna tarefa tenha sido cumprida em todo o mundo.
Outubro é o caminho proletário-revolucionário em seus múltiplos aspectos: o da luta de classes consequente; o da edificação de um verdadeiro partido revolucionário; o da elaboração e aplicação de uma estratégia e tática marxista-leninista; o da incompatibilidade e irreconciliabilidade com o oportunismo de todo os tipos; o do internacionalismo coerente; o da construção do socialismo apoiado nas próprias forças.
Ao adquirir consciência de sua missão histórica, a classe operária organiza-se e luta de modo independente para derrubar o capitalismo, destruir sua máquina estatal e criar o Estado de ditadura do proletariado. Recorre à violência, único meio de lograr seus fins. Até hoje, a vida demonstrou não existir outra maneira de alcançar a emancipação social. A via pacífica, reformista, da "paz social" e colaboração de classes ajuda a manter o sistema capitalista, a decompor o movimento revolucionário.
Para dirigir com acerto e até o fim a luta por sua total emancipação e para livrar toda a sociedade da exploração do homem pelo homem, a classe operária necessita de um Partido efetivamente revolucionário, que se oriente pelo marxismo-leninismo. Esse Partido não tem nada de comum com os partidos social-democratas ou revisionistas, que são partidos burgueses com etiquetas proletárias. O autêntico Partido Comunista é a forma superior de organização do proletariado, estreitamente vinculado à sua classe e às massas populares. Em suas fileiras ingressam tão somente as pessoas de vanguarda, comprovadas na luta. Rege-se pelo centralismo democrático – o oposto do centralismo-burocrático dos partidos oportunistas – e por uma disciplina consciente, obrigatória para todos os seus membros. Tal partido revolucionariza permanentemente suas fileiras, não dá margem à burocratização nem admite em seu seio correntes diversas portadoras de concepções não-proletárias.
Tendo corno guia a ciência social mais avançada, o proletariado elabora e aplica uma estratégia e tática revolucionária que lhe permita cumprir com êxito sua missão histórica. Lênin formulou uma correta estratégia e levou à prática uma tática rica de ensinamentos, ampla e revolucionária. Ampla sem ser seguidista, capaz de agrupar as grandes massas descontentes em torno das bandeiras do Partido; revolucionária sem ser aventureira, apta a elevar a consciência de classe dos trabalhadores e conduzi-los à tomada do Poder. A estratégia e a tática revisionista – da via parlamentar, da competição pacífica, da coexistência pacífica kruscheviana – servem à manutenção do capitalismo. Também a teoria dos Três Mundos, difundida como inovação criadora, contribui para sustentar a ordem capitalista, submete o proletariado aos interesses das forças reacionárias. No plano mundial, não podem existir duas, três estratégias proletárias. Nem apenas uma a serviço de um ou de alguns países. Não seriam revolucionárias, mas burguesas em toda a extensão da palavra. A orientação justa, marxista-leninista, é internacionalista consequente, revolucionária nas palavras e nos atos, afiançadora da unidade de pensamento e de ação do proletariado mundial.
É impossível garantir a unidade de pensamento e de ação e tornar vitoriosa a revolução – como indica o exemplo de Outubro de 1917 – sem o combate intransigente aos oportunistas de todo gênero. O oportunismo, seja sob a forma do revisionismo, do reformismo, do social-democratismo etc, é manifestação da ideologia burguesa, o germe desagregador das fileiras proletárias. É incompatível e antagônico com os interesses da classe operária. Marx e Engels, Lênin e Stalin combateram sempre e ardorosamente todas as tendências oportunistas, convencidos de que esse era um meio eficaz de fazer avançar as idéias revolucionárias e de assegurar o caráter classista do movimento operário e comunista. Todos os oportunistas, defendendo suas posições antiproletárias, consideram o combate aos seus pontos de vista errôneos como intransigência e sectarismo. Na atualidade, julgam-no disparatadamente como "esquerdismo" stalinista, blanquismo e até mesmo trotsquismo. Sua visão é deformada pela ótica direitista com a qual enfocam as críticas dos autênticos marxistas-leninistas. Pouco importa, todavia, sua maneira de reagir. É imprescindível revelar toda a podridão de suas concepções, sobretudo porque se cobrem impudentemente com os nomes de Marx e Engels, de Lênin e de Stalin. O que é alheio ao marxismo-leninismo deve ser atacado sem contemplações. Isto faz parte da luta revolucionária contra o imperialismo e a reação.
Os verdadeiros marxistas-leninistas não podem manter-se indiferentes ou neutros em face das posições de direita que surjam em qualquer país no seio do proletariado. Porque embora sendo nacional na forma, o movimento operário e comunista é internacional pelo seu conteúdo de classe. O proletariado mundial, cônscio de sua missão libertadora, constitui um só destacamento de luta, alinhado numa vasta frente de batalha contra o capitalismo. O internacionalismo proletário é fundamental para garantir a unidade e a ajuda mútua entre os diferentes agrupamentos da classe operária de modo a possibilitar a vitória da mesma causa, da causa universal da ditadura do proletariado. O autêntico internacionalismo forja uma linha comum de atuação, baseada na variedade de situações concretas de cada país e de cada Partido, fundando-se no interesse único do proletariado como força social antagônica à burguesia. Todos os trabalhadores são chamados a cerrar fileiras em defesa dos países socialistas. E estes não podem deixar de apoiar a ação e os partidos revolucionários em qualquer parte do Globo. Lênin indicava que ser internacionalista era fazer o máximo do que se possa realizar num só país (onde triunfou a revolução) para assegurar o desenvolvimento, o apoio, o despertar da revolução em todos os países. Os denominados caminhos nacionais, específicos, para o socialismo, seguidos em países que abandonaram o internacionalismo, deram como resultado a transformação desses países em "não-alinhados", "neutralistas", "terceiro-mundistas", etc. No caminho de Outubro, destaca-se como questão essencial a construção da sociedade socialista. Essa construção só terá êxito se for dirigida pelo partido do proletariado, arma- do da doutrina marxista-leninista, e se se apoiar fundamentalmente nas próprias forças.
As traições titista, soviética e outras já demonstraram o quanto é perigoso afastar-se da rota leninista no cumprimento dessa tarefa. Sob o pretexto de inovar e de corrigir erros fictícios, os revisionistas ingressaram na senda do capitalismo, acobertado pelas antigas formas socialistas. Surgiu uma nova classe que usufrui da mais-valia produzida pelos operários. Enquanto na União Soviética a grande massa do proletariado leva uma vida modesta, os burocratas, os administradores, os técnicos, os oficiais superiores das Forças Armadas gozam de privilégios, de altas remunerações, do conforto burguês. Na Iugoslávia, há mais de 700 mil desempregados e a inflação reduz o nível de vida dos que trabalham. Mas Tito e seus iguais vivem à tripa forra. Após a vitória sobre o capitalismo, há sempre a possibilidade de um retorno ao sistema de exploração. Por isso, faz-se indispensável manter em toda a plenitude a ditadura do proletariado, revolucionarizar permanentemente a sociedade, combater o burocratismo e exercer o controle operário. Impõe-se reduzir gradualmente as diferenças essenciais entre a cidade e o campo, entre o trabalho manual e o intelectual, não permitir que floresçam as desigualdades acentuadas de salários. Necessário é também, como sublinhava Lênin, que os Partidos operários no Poder prestem contas, ao seu povo e à classe proletária mundial, do trabalho que realizam, dos êxitos e das dificuldades fornecendo dados e elementos que permitam uma apreciação da marcha da edificação socialista. Na União Soviética e em outros países revisionistas os dados reais e de conjunto da vida econômica, social e partidária são omitidos ou falseados para impedir que a classe operária tome conhecimento da guinada para o capitalismo.
Somente o caminho de Outubro abre horizontes revolucionários, enriquece o marxismo-leninismo, alimenta com idéias transformadoras da sociedade o espírito combativo das massas proletárias.
Sessenta anos se passaram desde a façanha imortal do proletariado russo, dirigido por Lênin e pelo heróico Partido dos bolcheviques. Este grandioso feito continuará inspirando os trabalhadores de todos os Continentes. As forças revolucionárias, com os marxistas-leninistas à frente, persistirão no rumo indicado pela Grande Revolução Socialista de Outubro. Ninguém conseguirá impedir a marcha inexorável da sociedade atual para o socialismo científico. A bandeira invencível de Marx, Enge1s, Lênin e Stalin jamais será enrolada. Hoje ela está nas mãos firmes dos combatentes de vanguarda, na Albânia socialista e em todos os rincões do mundo onde se combate pela libertação nacional e social dos povos.
Viva a Grande Revolução Socialista de Outubro!
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