sábado, 8 de novembro de 2014

Dino: Desenvolver o Maranhão como o PCdoB defende desenvolver o Brasil. Confira entrevista na integra.

Da redação do Portal Vermelho, com informações da Folha

O primeiro governador eleito pelo PCdoB, Flávio Dino (Maranhão), em entrevista concedida ao programa Poder e Política, da Folha de S. Paulo e UOL, destacou que a vitória nas urnas no estado foi uma conquista do povo que derrotou as oligarquias que se instalaram por mais de cinco décadas.

Veja entrevista na íntegra:




Na entrevista divulgada nesta terça-feira (4) na edição da online daFolha, Flávio Dino apontou a direção do seu governo: “Desenvolver o Maranhão como o PCdoB defende desenvolver o Brasil, de modo soberano, independente, com ciência, tecnologia. Não há incoerência entre aquilo que vamos fazer no Maranhão e aquilo que o meu partido acredita”.

Flávio Dino ressaltou que as eleições no estado tiveram um papel histórico por conta da ofensiva das forças populares contra um grupo que representava o coronelismo à moda dos anos 50. Indagado se ele estava se referindo à família Sarney, Dino respondeu: “Sim. Como todo o Brasil sabe, é a família e o grupo político constituído a partir desse núcleo familiar que hegemonizou a política maranhense nas últimas cinco décadas”.

A família de José Sarney dominava o cenário político da região desde 1965, quando Sarney, hoje senador pelo Amapá, foi eleito governador do Estado. Atualmente, a sua filha, Reseana Sarney (PMDB), é a governadora do estado, e o adversário de Dino, Edinho Lobão, era o candidato da família.

Segundo Dino, o desafio é pôr fim ao “sistema de formação de clientelas, de negação da cidadania” imposto pelo grupo sarneysista ao logo dos anos. “Estamos procurando superar esse momento. Afirmar os valores da República, a separação do público com a esfera privada, garantir que todos tenham oportunidades. Garantir o cumprimento do princípio da legalidade. Isso é absolutamente imprescindível para o Maranhão no que se refere a compras governamentais, contratos, obras e contratação de servidores públicos. Princípio da impessoalidade, valorização do mérito de cada um. São esses desafios que estão postos sobre a mesa”, argumentou Dino.

Na entrevista, ele fez um balanço da campanha, das alianças que o levaram à vitória e das propostas de governo. “Apresentamos um programa baseado na noção da honestidade, transparência, romper com o patrimonialismo, enfrentar o ciclo de corrupção na política maranhense e melhorar a vida das pessoas. Garantir que esse dinheiro público, hoje apropriado por pequenos grupos, possa se traduzir em políticas sociais para todos. Fizemos uma aliança plural, ampla e democrática, que era necessária para dar esse salto adiante”, pontuou.

Dino, que concedeu a entrevista na segunda (3) em Brasília, afirmou que o objetivo de seu governo é garantir o desenvolvimento econômico do Maranhão, mas com participação popular e inclusão. “Garantir o cumprimento da lei, dos contratos, incentivar os investidores privados. Novas formas de organização do estado que contemplem a participação popular, mas que permitam também o desenvolvimento daqueles que querem empreender, investir, que venham para o Maranhão, acreditem no nosso porto, na nossa infraestrutura. Qualificar os recursos humanos”, detalhou o governador eleito.
Flávio Dino (PCdoB) ao lado da presidenta Dilma

Reeleição de Dilma ajuda o Maranhão

Sobre uma possível rusga política que a imprensa tenta criar por conta do fato da presidenta Dilma Rousseff não ter participado da campanha no estado porque o partido de seu adversário, Edinho Lobão (PMDB), compunha a chapa nacional da campanha pela reeleição, Dino destacou: “Eles [família Sarney] fazem uma análise segundo a qual uma das principais responsáveis pela derrota no Maranhão foi a presidenta Dilma. Eles verbalizam isso no âmbito do próprio grupo e às vezes publicamente dão a entender. O próprio candidato [Edinho Lobão, do PMDB], que foi o meu adversário, disse isso expressamente”.

Flávio Dino reafirmou que o saldo das urnas é de vitória do campo progressista. “O mais importante é que nós conseguimos fazer esta aliança, vencemos, a presidenta Dilma [Rousseff] foi eleita. O que nós queremos é que a presidenta Dilma, o governo federal, ajude o Maranhão. E espero que a bancada do PT no Congresso, onde tenho muitos amigos, também me ajude nesse processo... E tenho certeza que a presidenta Dilma vai ajudar muito o Maranhão”.

Entre as principais medidas que vai tomar ao assumir o governo do Maranhão a partir de 1º de janeiro de 2015, está a criação da Secretaria da Transparência e Controle e o aperfeiçoamento do Portal da Transparência. “São medidas práticas que demonstram o nosso total compromisso com as ações preventivas em relação ao mau uso do dinheiro público. Vamos executar o Orçamento que está sendo debatido na Assembleia com a visão de que nós precisamos melhorar a vida do povo do Maranhão”.

Habitação, falta d'água e presídios

Outra prioridade, segundo Dino, é investir na habitação e combater a falta de água. “Temos um déficit habitacional no Maranhão de 450 mil moradias. Água na casa das pessoas. O Maranhão é cortado por rios perenes, mas tem um problema de abastecimento de água crônico. Eu diria que muito mais impressionante do que a situação de São Paulo, com o sistema Cantareira. Essa situação aguda vivida agora em São Paulo, nós vivemos isso há décadas, de escassez de água, de negação de fornecimento, de racionamento”, declarou.

Flávio Dino também falou sobre a grave crise do sistema penitenciário maranhense, que culminou em rebeliões como a do presídio de Pedrinhas, com a morte de dezenas de presos, inclusive por decapitação. Dino, que já foi juiz e membro do Conselho Nacional de Justiça, afirmou: “Precisamos, em primeiro lugar, recuperar a autoridade sobre o sistema [penitenciário]. Hoje quem controla o sistema são dois grupos organizados de criminosos. Controlam o crescimento da criminalidade intramuros e também fora dos muros de Pedrinhas. Hoje temos praticamente três assassinatos por dia na região metropolitana de São Luís, muito em razão do crescimento do tráfico de drogas, do crack”.

Dino afirma que é necessário também concluir a implantação de novas estruturas físicas, de modo a descentralizar a execução penal. “A execução penal hoje é basicamente centralizada em São Luís e essa é uma das razões pelas quais aconteceram tantos problemas”, disse Dino, enfatizou que é necessário solucionar o déficit prisional. “Nós temos um déficit que não é dramático, mas deve ser enfrentado até para humanizar o cumprimento da execução penal”, completou.


Elevar o IDH é compromisso

Sobre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em que o Maranhão detém o segundo pior do Brasil, Dino explicou: “A resposta para este fosso está exatamente na política. Como a política concentrou riqueza pela via do patrimonialismo e da corrupção, essa riqueza não chegou até a casa das pessoas”.

Flávio Dino destacou que é inaceitável que o estado que tem o 16º maior PIB do Brasil apresente tais índices. Finalizou destacando que o seu compromisso é mudar essa realidade. “Mais do que uma promessa, é um compromisso de vida. Tenho convicção que isso é possível”.

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