Editorial do Portal Vermelho.
O ano de 2014 pode assinalar um importante avanço no desenvolvimento dos movimentos sociais, que anunciam uma movimentada agenda. Um ano eleitoral indica que será um período repleto de lutas. E nada mais natural que a luta dos movimentos sociais se incorpore à luta eleitoral, que elas se somem para ampliar as bandeiras e principalmente as conquistas.
As grandes manifestações de junho de 2013 vibraram como um sinal de alerta de que as conquistas, uma vez iniciadas, precisam avançar. Para tanto, esse avanço demandará grandes embates para que o poder político não sofra retrocessos. Isto indica que as agendas dos movimentos, tanto sindical, de juventude, de mulheres e de outras organizações sociais, devem ser intensas e convergentes para a construção de um campo político com bandeiras destacadas da esquerda e da luta da classe trabalhadora.
O primeiro encontro da agenda dos movimentos sociais ocorrerá no Fórum Social Mundial Temático (FST), que acontece entre os dias 21 e 26 de janeiro de 2014, na cidade de Porto Alegre (RS). O Fórum é um espaço onde entidades e movimentos sociais que se opõem ao capitalismo e ao domínio do mundo pelo capital se unem em debates e na promoção de uma agenda unitária.
Com uma temática bastante significativa, essa edição do FST irá debater centralmente a “Crise Capitalista, Democracia, Justiça Social e Ambiental”. O movimento social reunido em Porto Alegre irá se posicionar sobre a crise do capitalismo e indicar a luta pela ampliação dos direitos do povo. Igualmente, o FST é uma oportunidade para que as entidades iniciem o debate sobre o embate eleitoral que se segue no Brasil.
A unidade no Fórum cresceu comparada com o ano passado. Desta vez, as organizações sociais pretendem apresentar uma grande agenda para o Brasil considerando o processo eleitoral. Pelo que se apresenta, o nível de unidade está muito mais presente neste ano, com diversas organizações sociais compondo o birô do encontro. Outra questão importante é que integra a programação central do Fórum uma grande assembleia geral no dia 25 de janeiro na qual estará em pauta a agenda dos movimentos sociais e as diretrizes para as mobilizações em 2014.
O Fórum é um espaço importante, um dos que mais aglutina a esquerda e está avançando um pensamento mais ligado aos movimentos sociais. As trocas de experiências no Fórum com toda a sua diversidade têm contribuído para dar maior legitimidade e força às lutas locais e regionais de diferentes movimentos. E contar com o cenário de unidade poderá refletir-se na conquista de que mais uma vez o Brasil e a cidade de Porto Alegre possam receber novamente o Fórum Social Mundial, cuja última edição foi na Tunísia em 2013.
As entidades do movimento social alimentam a expectativa de que a presidenta Dilma Rousseff e o presidente do Uruguai, Pepe Mujica, participem do FST.
Em 2014, a bandeira da reforma política deverá ser uma das principais das lutas de massas no País. Os movimentos sociais compreendem que sem uma alteração substancial no processo eleitoral e político brasileiro, os avanços sociais e a participação popular estarão comprometidos. Por isso, a força dos movimentos será essencial na luta política em 2014.
O movimento sindical e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) propõem que esteja no topo da agenda de 2014 a luta para concretizar as resoluções aprovadas na histórica Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat), realizada em junho de 2010, no Pacaembu, em São Paulo. As bandeiras de luta se mantêm, mas ganham fôlego no embate político eleitoral, como a valorização do trabalho, a ampliação da democracia e a integração solidária da América Latina, que serão as principais marcas que o movimento sindical pretende construir. A mobilização unitária dos trabalhadores deve retomar com força a luta pelo fim do fator previdenciário, pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, contra o PL 4330 (Terceirização), pelo fim do trabalho precário, da alta rotatividade e por emprego de qualidade. As eleições de outubro serão uma grande batalha do movimento dos trabalhadores. O sindicalismo classista jogará todo o seu peso para garantir a continuidade e o aprofundamento do ciclo progressista do país.
A frente da juventude pretende construir uma grande e ampla Jornada de Lutas neste ano eleitoral, colocando desta a forma a juventude como protagonista das grandes reivindicações e conquistas do país. Com a retomada do debate político levantado pelas reivindicações juvenis de junho, o movimento de juventude promete sair às ruas lutando pela imediata aplicação das reformas democráticas.
Da mesma forma agirá o movimento de mulheres da União Brasileira de Mulheres (UBM) que lutará pelo avanço nas políticas públicas, na defesa e aplicação da Lei Maria da Penha entre outras diversas atividades, a fim de combater a violência contra a mulher. Outra importante bandeira do movimento feminino em destaque neste ano eleitoral é a presença mais massiva das mulheres nos espaços de poder.
Permanecem na ordem do dia as lutas pela reforma agrária e a reforma urbana, sem as quais não se pode conceber um país socialmente justo.
O cenário de lutas é promissor. As condições estão dadas para que as bandeiras específicas de cada setor do movimento popular possam convergir para uma luta política de massas pelas reformas estruturais democráticas e a unidade política no processo eleitoral. Isto pode contribuir para formar um movimento político e social de massas, constituído por organizações do movimento popular, partidos políticos e personalidades para fazer o país avançar com mais democracia, mais desenvolvimento, soberania nacional e progresso social.
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