segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Em defesa da Hidroelétrica de Belo Monte

Por Caio Botelho

O Brasil é uma nação riquíssima - uma das mais privilegiadas do mundo do ponto de vista da existência de recursos naturais. Aqui, encontramos riquezas suficientes que, se forem bem distribuídas, são capazes de garantir aos mais de 190 milhões de brasileiros uma vida decente. Entretanto, o que fazer com tantos recursos sempre dividiu opiniões e produziu importantes polêmicas. As mais recentes foram as discussões sobre o novo Código Florestal e a construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte.

Ao longo de cinco séculos essas riquezas foram saqueadas sem que fosse garantido ao povo brasileiro contrapartida de espécie alguma. O maior inimigo da natureza, sem dúvidas, é a desenfreada sanha dos capitalistas de plantão pelo lucro, prontos para destruir, em nome do saldo positivo no próximo balanço, tudo o que veem pela frente, sem nenhum critério ou controle.

Mas, por outro lado, existem aqueles que defendem que todos esses recursos devem permanecer intocáveis, e que qualquer ação humana deve ser interpretada como uma grave agressão ao futuro da própria humanidade. Em regra, os defensores desse ponto de vista são pessoas de classe média e moradores das grandes cidades, que parecem ignorar o fato de que, em regiões como a floresta Amazônica, vivem milhões de brasileiros que tem tanto direito à saúde, educação, moradia e vida decente quanto eles.

É muito fácil, por exemplo, ser contra a construção de uma estrada quando não somos nós quem temos que passar dias e noites em um barco para chegar em um hospital mais próximo. É simples se opor à construção de uma Usina Hidroelétrica quando nós temos, em nossas casas, energia suficiente para assistir confortavelmente um bom jogo de futebol ou os últimos capítulos da nossa novela preferida.

Mas os dois posicionamentos mencionados, embora diametralmente opostos, tem uma coisa em comum: ambos não levam em conta a necessidade de desenvolver o país e, consequentemente, melhorar a vida do nosso povo. Desconsideram o fato de que é possível explorar de forma responsável a natureza, evitando a sua destruição, que indubitavelmente traria consequências desastrosas para todos nós.

E é nessa seara que se encontra a polêmica sobre a construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte, no estado do Pará, que será a terceira maior do mundo, atrás apenas de Três Gargantas (China) e Itaipu (Brasil/Paraguai). Pronta, terá a capacidade de produzir algo em torno de 10% da demanda nacional de energia elétrica.

Entretanto, uma verdadeira campanha de desinformação tem sido feita contra a construção de Belo Monte, baseada em frases ocas (embora bonitas) e em informações falsas. Utilizam de artifícios mesquinhos, valendo-se muito mais do apelo emocional do que em dados concretos.

Recentemente, até um vídeo com atores do primeiro escalão do elenco global foi produzido e difundido nas redes sociais. Provavelmente, os pobres coitados, na ânsia de se apresentarem ao grande público como "politicamente corretos", apressaram-se em ler um roteiro pronto sem se dar conta da coleção de mentiras que falavam.

Mas o pior é que muitas pessoas boas - embora ingênuas - acabam caindo nesse conto do vigário e defendendo algo que sequer conhecem a fundo. Afinal, basta uma pesquisada sobre Belo Monte para termos acesso a um conjunto de informações que desmentem os "profetas do apocalipse".

É mentira, por exemplo, o fato de que as comunidades indígenas teriam suas aldeias alagadas ou que a construção da Usina traria prejuízos ao Parque Nacional do Xingu.

No caso dos indígenas, nenhum - repito, nenhum - dos oito grupos étnicos que vivem nas regiões próximas à futura Hidroelétrica (a saber, os kayapós, araras, arareutes, apidereulas, jurunas, maracanãs e munducurus) serão obrigadas a mudar-se e nem terão suas aldeias inundadas. Alguns, inclusive, são favoráveis à construção da Usina.

E sobre o Parque Nacional do Xingu, um dos nossos maiores patrimônios e que deve ser preservado a todo custo, uma rápida olhada no mapa é o suficiente para percebermos o quanto é risível a alegação de que esse tesouro nacional seria ameaçado por Belo Monte: o Parque fica no estado do Mato Grosso, a mais de 1.300 quilômetros da Usina, longe, portanto, de qualquer efeito por ela produzido.

Mas porquê não investir em outras fontes de energia limpas, mais baratas e eficientes, como a eólica e a solar, por exemplo?

Simples. Porque, além da energia gerada por uma Hidroelétrica ser igualmente limpa, essa estória de que energia eólica e solar seriam mais baratas e eficientes não passa de um belo conto da carochinha. Para produzir a quantidade de energia de Belo Monte, seriam necessários investimentos duas vezes maiores em energia eólica e sete vezes maiores em energia solar, sem contar que essas fontes energéticas são instáveis e suscetíveis às variações climáticas.

Além do mais, cada região do nosso vasto país possui condições geográficas distintas, e esse é um dos principais elementos definidores do potencial energético de cada local. Investir em energia eólica ou solar na região amazônica seria tão inteligente quanto temperar o feijão com açúcar. Ao mesmo tempo, o Norte do Brasil abriga a maior Bacia Hidrográfica do planeta. Logo, não é difícil deduzir qual a forma de exploração energética é mais viável para a região.

Claro que impactos ambientais serão causados pela construção de Belo Monte. Entretanto, o simples ato de existir já faz com que a raça humana, com suas ações, cotidianamente produza transformações na natureza. O que se deve fazer, nesses casos, é avaliar se a contrapartida à sociedade faz essa iniciativa valer a pena.

O fato é que o Brasil, pela primeira vez na história, está conseguindo crescer e distribuir renda ao mesmo tempo. E é claro que esse desenvolvimento e a ascensão social de dezenas de milhões de brasileiros aumentou radicalmente a demanda energética, que continuará a crescer nos próximos anos.

Sempre é bom lembrar que foi a ausência de investimentos no setor que causou uma grave crise de energia entre 2001 e 2002, responsável pelo desaquecimento da economia, aumento da conta de luz, apagões e prejuízos incalculáveis ao país. Sem Belo Monte, em pouco tempo poderemos novamente nos deparar com uma situação semelhante.

É preciso também combater setores e personalidades irresponsáveis, que tentam se promover à custa de discussões tão caras ao nosso povo. Enquanto a eco-capitalista Marina Silva discutia o assunto em um debate promovido por FHC em São Paulo, ou enquanto o cineasta James Cameron e a atriz Sigourney Weaver participavam de um ato contra Belo Monte em um Hotel cinco estrelas de Manaus, o governo brasileiro fazia mais de 30 audiências públicas com as comunidades afetadas. Fruto dessas discussões, firmou-se o pacto de que quase R$ 4 bilhões serão investidos em ações sócio-ambientais na região.

É conveniente fazer um discurso fácil e ignorar a opinião de milhares de moradores que serão deslocados das palafitas onde moram atualmente para casas decentes. Deixar passar, como um simples detalhe, os mais de 20 mil empregos diretos e indiretos gerados pela Usina, todos na região, uma das mais que mais sofrem com o desemprego e a pobreza no país. Além do mais, Belo Monte nem de longe ameaça a biodiversidade da floresta Amazônica, como levianamente afirmam alguns.

O ambientalismo é, sem sobra de dúvidas, um dos mais belos, necessários e agregadores movimentos. Mas ele só se torna de fato interessante quando deixa de lado as frases prontas e os apelos emocionais para discutir, com profundidade, a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável para o Brasil. E isso certamente não será feito por ONG's estrangeiras, supostamente tão preocupadas com o meio ambiente das nações em desenvolvimento mas geralmente prontas para ignorar os graves crimes ambientais cometidos pelos países ricos, de onde vem seus vultosos financiamentos.

Depois de séculos de exploração, o povo brasileiro merece desfrutar de um virtuoso ciclo de crescimento e diminuição da pobreza e das desigualdades. Mas para a consecução desse novo projeto nacional de desenvolvimento, é fundamental que sejam feitos fortes investimentos em nossa matriz energética sem, no entanto, diminuirmos a atenção para a necessidade de preservar a natureza, garantindo, às próximas gerações, o direito de desfrutar o que de bom ela oferece.

4 comentários:

  1. Parabéns pela matéria!!! é muito bom ler uma matéria onde os fatos são reais. Para nós moradores desta região e conhecedores dos problemas... ficamos muito tristes qdo pessoas que não tem nem um conhecimento e nem compromisso com essa região vem discutir e ser contra a UHE Belo Monte, principalmente certos artista que nem sabe onde fica apenas por mapa.

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  2. Observo desde fora do Brasil, a "luta" para Belo Monte - como parte da luta para a "independencia" do Brasil, e no sentido mais grande -Sul-America e America Latina. Belo Monte e o "Rubicao" historico para a "independencia" geopolitica e economica do Brasil. E um Brasil "independente" pode apoiar Sul-America "independente" como UNASUL. E UNASUL pode apoiar CELAC - a comunidade dos estado da America Latina e do Caribe (as Americas sem EUA e sem OTAN/Canada). Sabemos, que desde a decada de 1970, um bispo de Austria en Europa tem atuado como o mas ativo representante dos "contras" para prevenir Belo Monte - e quasi todos os projetos nacionais do desenvolvimento do Brasil. Analiso esta campanha permanente como uma estrategica geopolitica para paralisar a "independencia" do Brasil e Sul-America (e assim America Latina). Temos visto nomes das ONGs estrangeiras ativas na "luta contra Belo Monte" (da ABIN - publicado nos diarios do Brasil 2011). De fato ha centenas de ONGs ativos contra Belo Monte e contra centenas de projetos na America Latina - quasi todos de EUA, Bretanha, Nederlanda, Alemanha-Austria. Ha centenas de "ativistas" deles atuando no Brasil, na Sul America, na America Latina: Quasi todos com historias "interesantes", a quasi todos sem preparacao para um emprego serio produtivo nos seus paises . O seja - oportunistas para ficar na "industria" do "ambiente" ou "direitos" - sem necesidad de trabalhar. Fugitivos da vida diaria nos EUA e Europa, numa aventura "exotica" como seres superiores estilo "Avatar"- o em ingles: "They are on a EGO-TRIP!"

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  3. Exemplo da mais nova ONG estrangeira na campanha contra Belo Monte: Na Alemanha 3.8.2012 conferencia "Gruenes Wachstum in Brasiliens" (Desenvolvimento verde no Brasil) foi formado mas uma campanha contra Belo Monte "Stop Belo Monte", por ativistas "profesionais": CHRISTIAN RUSSAU, jornalista-ativista eco-trotskista, especialicado contra projetos de desenvolvimento no Brasil e Sul-America, ANN BUGEY "Ecologista dimplomada" dirigente da campanha do blog "Gegenstroemung" que publica todo do austriaco Bispo Kraeutler contra Belo Monte, ELKE ROTHKOPF, ativista com info.e.V. do "Institute fuer Oekologie und Aktions-Ethnologie" (Instituto para Ecologia e Etnoligia-Intervencionista), DAVID VOLLRATH Editor da ONG "Rettet den Regenwald e.V."(Proteja a floresta tropical) - ligado a Greenpeace e WWF. Vollrath tambem esta ativo no Peru com "Grufides" contra a mineria na Catamarca. YVONNE BANGERT editora do blog "Pogrom" da "Gesellschaft fuer bedrohte Voelker"(Asociacao para povos ameacados": A ONG "GFBV" esta agora num caos interno de demandas e violencia entre os mesmos ativistas - e numa rede de processos da justicia: Tem desaparecido centenas de miles EU$ - e os fundadores tem de explicar onde esta o dinheiro: Veja http://gfbvwatch.wordpress.com/ ----- - Pois, as ONGs estrangeiras sao um negocio - e tambem sao agentes geopoliticos ou "idiotas uteis" dos EUA e OTAN-UE.

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  4. James Cameron e multi-milionario e mora na California no seu palacio e tem muitos automoveis, aviao, yate - ele so quer que os outros vivem "com menos". Veja video "James Cameron Hypocrite", e tamben o video "Prince Charles Hypocrite youtube". Charles e seu gangue de milionarios mafiosos sao os fundadores do WWF que mexe no Brasil e outros paises na America Latina, Africa e Asia - como agencia geopolitica que mexe contra governos "independentes" e nao sao "parceiros" da EUA&OTAN-EU.---A ONG "Amazonwatch" dos EUA que e "contra" Belo Monte e "contra" todos os projetos de desenvolvimento na Sul-America - e um negocio fundando e propiedad duma exiliada do Ira: Atossa Soltani chegou aos EUA 1979-ano de revolucao e o fim da ditadura apoiada pelos EUA , no mesmo tempo no qual tem fugido o ditator Sha Reza Palevi - "pareceiro" da EUA. Ela tem estudado uns anos "administracao publica". Logo ha misterio na historia. 1992 fundou seu negocio "Amazonwatch" que parece principalmente financiado por familias do exilio de Ira nos EUA que sao multimilionarios na industria de tecnologia (util para CIA ou Pentagon ?) na California e inmovies na Florida. Soltani tem reclutado James Cameron en Hollywood quem tem aproveitado a "luta contra Belo Monte" para promover seu film "Avataer". Soltani tambem tem agitado no Congresso dos EUA contra Belo Monte e outros projetos nacionais na Sul-America, especialmente no Equador, pais que e alvo de operacoes geopoliticas da CIA . Exeto as ONGs "grandes" como Greenpeace, WWF, Survival International - a maioria das centenas de ONGs estrangeiras ativas contra o desenvolvimento e a independencia geopolitica da Sul-America, sao grupos de poucos - uma duzia ou maximo uma centena de "aficionados". Assim as miles de e-mail de "contras" contra Belo Monte nao representam a opiniao bem informada dum publico grande nos EUA ou Europa.

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