Editorial do Portal Vermelho
“O socialismo científico é a melhor via para a redenção dos povos, o nosso objetivo estratégico ao tomar o poder”. A frase, pronunciada no melhor estilo da retórica bolivariana pelo deputado socialista venezuelano Henrys Mogollón, do Partido Socialista Unido da Venezuela, recebida com grande entusiasmo pelos militantes e quadros do PCdoB que a escutaram na manhã do último sábado (21), sintetiza de maneira brilhante o sentido da luta levada a efeito pelo partido brasileiro que acaba de completar 90 anos e realizou um seminário nos últimos dias 20 e 21 de abril exatamente para sistematizar as lições desse passado histórico e projetar a perspectiva.
O fato de a afirmação ter sido feita por um representante de um partido com caráter socialista, revolucionário, anti-imperialista, que se encontra no poder em um dos principais países do continente latino-americano, durante um evento de um partido comunista, é carregado de simbolismo para o conjunto da esquerda brasileira e latino-americana.
Revela que se adensam as convicções de que, sem renunciar à intervenção política no cotidiano e à condução das lutas parciais dos trabalhadores e do povo, a esquerda revolucionária não perde de vista o rumo socialista e a sistematização de um caminho que leve em conta as peculiaridades nacionais e os desafios do tempo presente.
A profunda crise do sistema capitalista-imperialista e o cortejo de misérias que acarreta aos povos de todo o mundo tornam indispensável a superação revolucionária do capitalismo e a edificação de uma sociedade socialista, indicam ser necessário ter presente o horizonte socialista em todos os procedimentos táticos e estratégicos relacionados com a luta popular e eleitoral pelo poder político.
Vivida tanta experiência de lutas, que inclui o exercício do poder pelos comunistas em vários países, experiência que inclui uma derrota histórica e estratégica, hoje se vê com mais clareza que o objetivo socialista não se conquista de golpe, nem por decreto ou ato de vontade, mas será resultado de um complexo e aturado processo de amadurecimento das condições objetivas e subjetivas, de uma prolongada acumulação revolucionária de forças, o que requer dos revolucionários convicções, estratégia, tática, métodos e organização.
A luta pelo socialismo na atualidade é também mais complexa e condicionada pelas peculiaridades nacionais – sem perder de vista o universalismo dos princípios fundamentais do marxismo-leninismo e do socialismo científico – quando se tem em conta os caminhos que estão a ser percorridos pelos países socialistas, onde os partidos comunistas exercem o poder.
Representantes de Cuba, Vietnã e China explicaram no seminário do PCdoB as distintas medidas voltadas para fomentar o desenvolvimento das forças produtivas, condição sine qua non para atingir o socialismo. Cada um com seu próprio estágio de desenvolvimento vive processos designados como de transição.
Nesta questão, o que irá definir o êxito ou o fracasso de uma luta que se desenrolará no longo prazo histórico, é a essência da orientação ideológica e a solidez das convicções da força dirigente. O que não exclui, antes pressupõe, uma árdua luta ideológica.
“Forças anticomunistas e oportunistas – disse o representante vietnamita – aproveitaram a situação criada com a queda da União Soviética para atacar o socialismo. Também nas nossas fileiras houve pessimismo e arrependimento por sermos marxistas-leninistas e lutarmos pelo socialismo. O capitalismo, porém, não pode resolver e nunca resolverá suas contradições antagônicas, sendo a crise atual uma demonstração disso (...) A crise mostra que o capitalismo é insustentável.”
Em outro contexto histórico, é a mesma postura adotada pelos comunistas brasileiros, que vivem uma intensa experiência no exercício de uma tática política flexível e de sistematização de um caminho próprio para a luta pelo socialismo no país. “O PCdoB afirmou-se como uma corrente marxista-leninista – tendência revolucionária de interpretação e aplicação do pensamento de Marx no século 20. Reafirmou sempre sua identidade comunista e o seu caráter de classe como partido da classe trabalhadora e do povo”, declarou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo.
O seminário sobre a história de 90 anos dos comunistas brasileiros foi vitorioso por sistematizar lições, renovar esperanças e reafirmar convicções.
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