Já chegaram neste domingo (1º de abril) à cidade colombiana de Villavicencio, capital do Departamento de Meta, provenientes do Brasil, os helicópteros que participarão da operação humanitária para receber os 10 detidos pelas Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (Farc), que serão libertados a partir desta segunda-feira (2).
Em um dos helicópteros estava a ex-senadora e defensora dos direitos humanos Piedad Córdoba, coordenadora da Organização Não Governamental Colombianas e Colombianos pela Paz. Com ela estavam também os integrantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e membros da Associação de Familiares dos Detidos, Asfamipaz.
Em coletiva de imprensa, Córdoba afirmou que as Farc seguem com o compromisso de entregar os militares detidos.
A ex-senadora indicou que ainda não foram entregues as coordenadas de onde se efetuarão as libertações, mas que na segunda-feira pela manhã partem para a região da selva colombiana que a organização guerrilheira indicar.
Córdoba disse que a operação humanitária está "sob controle" e "vai muito bem".
A defensora dos direitos humanos manifestou que Colombianas e Colombianos pela Paz e a sociedade civil colombiana manterão seu trabalho para conseguir uma saída política e negociada para terminar o conflito armado interno que a Colômbia vive há quase 50 anos.
As libertações unilaterais por parte das Farc estão programadas para a segunda-feira e a quarta-feira (4).
As Farc entregarão à missão de paz os militares Luis Alfonso Beltrán Franco, Luis Arturo Arca, Robinson Salcedo Guarín e Luis Alfredo Moreno Chagüeza e os policiais Carlos José Duarte, César Augusto Lasso Monsalve, Jorge Trujillo Solarte, Jorge Humberto Romero, José Libardo Forero y Wilson Rojas Medina.
Faz parte também da missão de paz uma delegação internacional do grupo humanitário Mulheres do Mundo pela Paz. Além de Piedade Córdoba, integram o grupo a guatemalteca Rigoberta Menchú, detentora do Prêmio Nobel da Paz, a candidata à Presidência da República de Honduras Xiomara Zelaya, a senadora colombiana Gloria Inês, as argentinas Marcela Bordenave e Mirta Paravalle, a deputada do Parlamento Centro-americano Nídia Diaz, a mexicana Margarida Zapata e a brasileira Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz.
Encontra-se também em Villavicencio o ex-presidente colombiano Ernesto Zamper, para acompanhar a devolução dos detidos.
Por telefone, de Villavicencio, Socorro Gomes reportou ao Vermelho que neste domingo as Mulheres pela Paz se reuniram com os familiares dos militares e policiais que serão libertados e realizaram um importante encontro de trabalho com a ONG Colombianos e Colombianas pela Paz.
A pacifista brasileira destacou que se trata de um “momento histórico de muita esperança”. Socorro Gomes valorizou o gesto dos insurgentes colombianos. Para ela a libertação dos detidos em poder das Farc “é um sinal de que está havendo a busca da paz para o povo colombiano”. A presidente do Conselho Mundial da Paz acha que o momento é propício para se intensificar as medidas no sentido de alcançar uma solução política para o conflito colombiano, que perdura há décadas. “Isto é importante para as famílias dos detidos, para os presos políticos em poder do Estado, para o povo colombiano e para toda a América Latina, que poderá se consolidar como uma região de paz”.
Socorro Gomes informou ainda ao Vermelho que no domingo (1º de abril) foi celebrada uma missa e realizada uma confraternização em praça pública na cidade de Villavicencio entre ativistas da ONG Colombianas e Colombianos, as Mulheres do Mundo pela Paz, familiares dos detidos e a população da cidade.
Em declarações à imprensa Rigoberta Menchú defendeu o fim do conflito armado interno na Colômbia, “uma exigência que cresce cada vez mais dentro e fora do país”. A ativista guatemalteca pediu tanto à guerrilha como ao governo colombiano que cumpram o que foi pactuado para que as libertações cheguem a bom termo. Ela valorizou a ação do grupo Mulheres do Mundo pela Paz, ressaltando que se trata de “uma delegação composta por distinguidas personalidades, pessoas que lutaram durante muitíssimos anos, que vieram à Colômbia para acompanhar o processo”.
Depois da libertação dos detidos pelas Farc, está previsto que na próxima quinta-feira (5) a delegação de Mulheres do Mundo pela Paz visite alguns presídios colombianos onde estão encarcerados milhares de presos políticos.
Do Portal Vermelho
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