Usando gestos histriônicos e linguagem caricata, a responsável pela política exterior do imperialismo norte-americano afirmou que "um massacre horrível" está em curso em Homs e pediu o apoio do resto da população síria à oposição.
Em entrevista à BBC, a secretária de Estado americana admitiu que uma intervenção estrangeira na Síria não é possível no momento e hipocritamente disse que seu chamento é justamente “para evitar a guerra civil”.
A secretária de Estado norte-americana também voltou a criticar a Rússia e a China por seus vetos a uma resolução contra a Síria no Conselho de Segurança da ONU.
"Eles são livres para negociar a qualquer momento para tentar terminar com isso, mas o que posso ver é que suas negociações servem apenas para reforçar as tendências e as ações já existentes de Assad. As ações desses países são muito preocupantes, porque eles poderiam ser parte da solução", afirmou.
Para ela, se esses países não estivessem apoiando o governo sírio, Assad estaria mais pressionado a deixar o poder.
"Se eles tivessem se juntado a nós no Conselho de Segurança, acho que teríamos mandado uma mensagem muito forte a Assad de que ele precisaria começar a planejar sua saída, e as pessoas em seu entorno, que já estão se protegendo, começariam a fazer o mesmo", afirmou.
As declarações da secretária de Estado no mesmo dia em que milhões de sírios, atendendo ao apelo do governo, comparecem às urnas para referendar a nova Constituição, revela que os imperialistas estadunidenses acusaram o golpe. Assad, acusado de ditador, fez uma jogada política inteligente para legitimar seu regime, ao passo que os Estados Unidos, que se apresentam como paladinos da democracia, deixam patente seu desprezo para com a vontade popular e os sinais de evolução política na Síria.
Assad acenou não só com a aprovação de uma Constituição democrática, como também está levando adiante um plano de reformas integrais que contemplam reivindicações da própria oposição.
A titular do Departamento de Estado - que pretende superar em truculência e unilateralismo a chefe da diplomacia de Bush, Condoleezza Rice, patrocinadora do massacre ao Líbano, mas também derrotada pelas armas do Hezbolá – demonstrou todo o seu nervosismo com as posições de Rússia e China, que em boa hora decidiram retificar o erro crasso que cometeram ao facilitar o ataque à Líbia, quando aprovaram no Conselho de Segurança da ONU uma resolução a favor do uso da força contra o país norte-africano em caso de “violação” da “Zona de exclusão aérea”.
Washington percebe que a oposição desses dois grandes atores globais aos seus planos agressivos no Oriente Médio é um sinal a mais do isolamento estadunidense, que permanece falando sozinho na companhia apenas de alguns aliados da União Europeia e de regimes fantoches da região, como a Arábia Saudita e o Catar.
Na última sexta-feira (24) sob o pomposo nome de encontro dos países “amigos” da Síria, realizou-se um convescote na Tunísia, onde esses “muy amigos” revelaram-se como verdadeiros inimigos, voltando a bater na tecla surrada da derrubada de Assad e do apoio incondicional aos bandos armados que aterrorizam a população síria.
O governo sírio está dando sinais de que não fecha a porta ao diálogo, não ignora as críticas nem as deficiências do regime. Dá um passo construtivo ao realizar o referendo constitucional e opor em prática o plano de reformas integrais. A intolerância vem do imperialismo, em seu afã de controlar a região do Oriente Médio, essencial no quadro de sua estratégia para exercer o domínio mundial. O problema, para os imperialistas, é que a realidade muda velozmente. Há fenômenos novos na resistência e luta dos povos, há protagonistas regionais, como o Irã, que se opõem aos Estados Unidos e Israel, seu incondicional aliado e cabeça de ponte. E há potências no Conselho de Segurança que não se mostram dispostas a dar luz verde às ações agressivas de Washington.
A crise síria e as pressões sobre o Irã por parte das potências imperialistas estão afigurando-se como os principais temas da agenda de conflitos internacionais. Em torno desses temas vão deslindando-se os alinhamentos de forças e logo se verá quem é quem. As forças progressistas e anti-imperialistas no mundo não são indiferentes ao posicionamento do Brasil.
A luta de fundo é sempre a mesma. De um lado o imperialismo, de outro os povos, em busca de soberania e autodeterminação.
José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho
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