quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A busca da unidade do movimento social

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

'O Governo Dilma e os movimentos sociais' foi o tema do debate promovido na noite de ontem (11) pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, transmitido via Web pelo coletivo Mídia Ninja. No evento, João Paulo Rodrigues, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), resumiu a preocupação dos movimentos com a conjuntura adversa de crise econômica e o papel da esquerda neste início de segundo mandato de Dilma Rousseff. Segundo ele, há um “déficit organizativo” e dificuldade de união entre as diversas forças progressistas.“Temos 1,5 milhão de pessoas assentadas e isso não se transforma em 1 milhão de pessoas nas ruas fazendo luta”, disse Rodrigues.

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, defendeu a necessidade de os movimentos sociais enfrentarem “a ofensiva da direita”, o que, segundo ele, passa pelo combate ao ajuste fiscal promovido pelo governo. “Há o esgotamento do pacto estabelecido em 2003 pelo PT, baseado em uma conciliação de classes.”

Boulos disse que não basta para os movimentos sociais construir uma pauta apenas “defensiva” contra os lucros do agronegócio, das empreiteiras e do sistema financeiro, mas que é preciso coordenar a luta pelas reforma estruturais que, em sua opinião, os 12 anos de governos do PT não concretizaram, como a reforma política, do sistema de comunicações, além das reformas agrária, urbana e tributária.

Para o dirigente do MTST, apesar de o segundo mandato de Dilma Rousseff ter menos de um mês e meio, já é possível constatar que o pacto proposto por Lula a partir de 2003 está “esgotado”. “Havia duas alternativas (para o início do segundo governo Dilma): ou se enfrentava o capital financeiro e as elites, ou se cortava do outro lado, jogando o custo nas costas dos trabalhadores. Não há dúvida do caminho (escolhido pelo governo)”.

Boulos disse ainda que as opções pela nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e a abertura do capital da Caixa Econômica Federal simbolizam as escolhas de Dilma.

Em sua fala, a presidente da União Nacional dos Estudantes, Virgínia Barros, a Vic, relativizou as críticas ao governo federal insinuando que ainda não se pode tirar conclusões definitivas. Vic afirmou que há conquistas importantes dos governos petistas, e citou a mudança de prioridade na política externa brasileira como dado positivo. A participação do país na construção dos Brics (bloco político formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) simboliza esse avanço da soberania brasileira, segundo ela.

Mas a presidente da UNE criticou a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e a política de ajuste fiscal. “Não tem o objetivo de superar o tripé macroeconômico, mas fortalecê-lo”, disse. Vic também não poupou críticas ao novo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Representa o que de pior existe na política brasileira. Foi a voz das teles (na discussão do Marco Civil da Internet).” Para ela, Cunha tem a “agenda da contrarreforma política” da proposta de emenda constitucional (PEC) do ex-deputado petista Candido Vaccarezza, que não conseguiu se reeleger como deputado federal em 2014.

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