quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A farsa do "mensalão"

Por Geraldo Galindo*
O povo brasileiro será bombardeado nas próximas semanas com o julgamento do "mensalão". Na verdade, nossa mídia já julgou e condenou todos os citados, excluindo, é claro, o senador do PSDB mineiro, Eduardo Azeredo, autor inconteste do esquema ilegal que alocava recursos em campanhas  através do publicitário Marcos Valério, que viria a ser usado por Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.  Para nossa imprensa venal e golpista, que fez e faz de tudo para impedir a continuidade do projeto em curso no país, o julgamento pouco interessa - o importante é aproveitar o momento para sangrar o governo, sangrar o PT e enfraquecê-lo para a disputa eleitoral deste ano e para as próximas. Estão fazendo e farão de tudo para a volta do PSDB-DEM ao Palácio do Planalto. Vale lembrar que tudo isso que veremos agora, já vimos durante vários meses em 2005 quando o episódio veio a público e tentaram inutilmente promover o impeachment do presidente Lula. O povo não embarcou na barca furada dos "(de) formadores de opinião".
 Depois daquele impiedoso massacre midiático, a maioria silenciosa da população, demonstrando um grau de amadurecimento político impressionante, não deu ouvido aos golpistas e anos depois  reelegeu o presidente Lula e na sequência sua candidata Dilma Rousseff.  É essa a razão de tanto ódio e gosto de vingança. A direita brasileira não tolera o fato de o Brasil estar dando oportunidades aos menos favorecidos, aos pobres, aos excluídos, e que estes e outros setores mais  arejados politicamente referendem seguidamente nas urnas o projeto que está mudando pra melhor o Brasil e a América Latina. E quando levamos em conta que o principal líder do projeto é um operário nordestino, isso pra os adversários  é  inaceitável. Imaginar que um líder sindical conseguiu em tão curto espaço de tempo tirar da pobreza e da miséria e colocar no mercado de consumo milhões de brasileiros, não é admissível para uma elite corrupta e preconceituosa. Mais uma vez os neo-udenistas vão tentar destruir a biografia do maior cabo eleitoral do país e provavelmente serão derrotados de novo. Por falta de projetos para a nação, o único discurso dos desesperados é recorrer ao moralismo, no que não estão credenciados para tratar. Que o diga o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o ex-senador "guardião da moralidade" (segundo a Veja) Demóstenes Torres (DEM) e o Jornalista do Grupo Abril,  Policarpo Junior,  atolados até o pescoço na lama de Carlinhos Cachoeira. 
Mas, o que vem a ser  o tal "mensalão"?  Para os golpistas, inimigos do povo, seria uma remuneração mensal   paga pelo PT a deputados para que estes votassem a favor do governo no Congresso Nacional. A tese absurda de pagamento de mensalidades que querem nos empurrar goela abaixo e que infelizmente é assimilada por muitos que deveriam ter senso crítico,  é tão esdrúxula, tão ridícula, tão frágil,  que a maioria dos deputados denunciados é do PT. Pensem aí, o PT pagar a seus próprios deputados para ter votos no congresso nacional. Tem lógica isso? E pelo que sei, não chega a 15  o número de deputados denunciados por receberem a tal mensalidade. Isso dá pouco mais de 2% do total de 513 parlamentares, número absolutamente insuficiente para aprovar qualquer matéria. Um dado curioso: não ouvi falar de um único senador que tenha sido agraciado com tal verba, ou seja, o PT só "pagava" na Câmara, mas no Senado - pasmem! -  onde o governo tinha mais dificuldades, tendo inclusive perdido votações importantes por lá, não seria necessária a compra. Só mesmo gente mal intencionada ou ingênua pra acreditar numa versão tão torpe, tão acintosa a qualquer inteligência mediana. 
Esses falsos arautos da moralidade, no geral viúvas da ditadura militar e do fracassado governo FHC,  ex-esquerdistas corrompidos moral e ideologicamente e  ministros do STF de poucos escrúpulos e em busca de holofotes,  querem impor ao país que o “mensalão”  foi o maior escândalo de corrupção de nossa história. Mentira. O maior escândalo de corrupção que já vimos, além de ser um crime de traição à pátria, foi a privatização de nossas estatais no governo do PSDB , fato  muito bem esclarecido no livro "Privataria Tucana" -  que nossa mídia golpista ignora olimpicamente.  Empresas  como a Vale do Rio Doce e Companhia Siderúrgica Nacional, estratégicas para o desenvolvimento do país,  foram entregues a preço de banana para a iniciativa privada e serviu para que muito tucano endinheirado  acumulasse fortunas milionárias. Os valores citados no esquema do "mensalão" podem ser  considerados módicos, uma gorjeta,  quando se compara com as quantias bilionárias envolvidas nas negociatas de FHC e companhia  para trapacear com o patrimônio do povo brasileiro. Cabe recordar ainda que  quando da aprovação da emenda da reeleição de Fernando Henrique, deputados foram flagrados em conversas telefônicas assumindo ter   recebido 200 mil reais cada para o voto. Na época, foi dito que no esquema, o parlamentar conversava antes com Luis Eduardo Magalhães (PFL-DEM) para acertos iniciais e a grana era recolhida com Sérgio Mota, então todo poderoso ministro do PSDB que previu o reinado de  seu partido por 20 anos  através desse e de outros mecanismos espúrios. 
Ao fazermos a crítica  sobre o comportamento da grande imprensa e da oposição conservadora sobre o "mensalão", não estamos concordando com as práticas ilegais ali verificadas. Realmente, parte da direção do PT,  nos acertos naquele momento  para a disputa das eleições municipais  com líderes partidários sabidamente fisiológicos e pouco confiáveis,  cometeu erros graves e infrações à legislação eleitoral (nada a ver com mensalidades), disponibilizando a aliados o  que se chamou de "recursos não contabilizados" ( o famoso Caixa 2), uma prática infelizmente  comum na disputa eleitoral no Brasil. Por fim, nós da esquerda defendemos o financiamento público de campanha e a proibição de qualquer forma de financiamento privado,  como forma de reduzir a influência do poder econômico  nas eleições e as consequentes relações  promíscuas advindas dela,  e  inibir os acertos  entre partidos que descambem para a imoralidade.
*Geraldo Galindo é membro do Comitê Estadual do PCdoB/Bahia

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