Iniciando uma série de entrevistas com personalidades do
mundo político, cultural e acadêmico, o blog Soletrando a Liberdade conversou com Marcelo Gavião.
De seus 32 anos de idade, Marcelo dedicou 17 deles à luta
política, tendo vivido experiências bastante interessantes: quando
secundarista, ajudou a organizar a “Revolta do Buzú” (série de manifestações
estudantis que, em 2003, protestou contra o aumento da tarifa de ônibus ), e
presidiu a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), uma das
entidades de maior base social do mundo, que representa mais de 50 milhões de
estudantes brasileiros.
Também liderou a União da Juventude Socialista (UJS), entidade que conta com mais de 100 mil filiados em todo o país e que é considerada a maior organização política da juventude brasileira.
Ao longo desse percurso, se tornou uma respeitada liderança juvenil, reconhecimento que o fez ser convidado, pelo ex-presidente Lula, para integrar o Conselho Nacional de Juventude entre os anos de 2005 e 2010, além de ter se tornado uma importante referência às mais novas gerações de jovens que também desejam transformar em realidade o sonho de construir um mundo e um país melhores.
Também liderou a União da Juventude Socialista (UJS), entidade que conta com mais de 100 mil filiados em todo o país e que é considerada a maior organização política da juventude brasileira.
Marcelo na posse de Lula em seu segundo mandato (2006) |
Nessa descontraída entrevista, que está mais para um
bate-papo, Marcelo fala sobre o início de sua militância, a experiência à
frente da UBES e da UJS e a história de lutas da juventude brasileira. Mas
comenta também sobre a sua cidade, Salvador, e as “novas ideias” que ele propõe
para melhorar a situação da capital dos baianos.
Confira a íntegra da entrevista a seguir:
Soletrando a Liberdade – Gavião, você começou a sua trajetória na política como estudante secundarista. Como foram os seus primeiros passos na militância e porque você decidiu fazer essa opção de vida?
Soletrando a Liberdade – Gavião, você começou a sua trajetória na política como estudante secundarista. Como foram os seus primeiros passos na militância e porque você decidiu fazer essa opção de vida?
Marcelo Gavião – Eu comecei a minha militância política
muito por influência do meu pai, que é militante do PCdoB desde a década de 80,
e eu cresci vendo ele se organizando, participando de mobilizações, lutando por
melhorias nas condições de salários, participando de greves e de várias
atividades. E foi no ano de 1996 eu resolvi me aproximar mais da militância
juvenil, e conheci a UJS, a União da Juventude Socialista.
Na Plenária Final do 14º Congresso da UJS |
Partindo assim por todas as fases de organização políticas,
fui de Grêmio, fui de entidade municipal, fui diretor da ABES, a Associação
Baiana Estudantil Secundarista (eu era o diretor da ABES responsável pela
Região Metropolitana de Salvador). Depois fui vice-presidente regional da UBES
até que chegou em 2003 quando, depois daquelas mobilizações que ocorreram aqui
em Salvador contra o aumento da tarifa de ônibus, eu fui indicado pela UJS e
pelo movimento que nós fazíamos parte para presidir a UBES, momento em que eu
fui morar em São Paulo.
SL – Dessa forma você chegou à presidência da União Brasileira dos
Estudantes Secundaristas (UBES), importante entidade do movimento estudantil
brasileiro, e logo em seguida da União da Juventude Socialista (UJS), maior
organização juvenil do país. Como foram essas experiências?
No 39º Congresso da UBES, em São Paulo |
Assumir a presidência da UBES foi uma experiência muito
marcante em minha vida, já que eu tinha acabado de liderar aqui em Salvador
aquele processo de mobilizações pelo Agosto do Buzú [série de manifestações
estudantis que, em 2003, lutou contra o reajuste na tarifa de transporte
público] que, ao lado do Fora Collor, podemos afirmar que foram os dois maiores
processos de mobilizações de estudantes já vistas na cidade de Salvador. Não
tem nada que se compare à essas duas mobilizações. Então eu tinha acabado de
liderar essa luta e fui presidir a UBES, e eu tive a oportunidade de ser
presidente da UBES no momento em que iniciava o governo Lula. Ele ganhou a
eleição em 2002, assumiu em janeiro de 2003 e em dezembro de 2003 eu fui pra
São Paulo. Estávamos no primeiro ano de mandato do governo Lula e o nosso
desafio era como construir uma nova agenda para o movimento estudantil.
Nós que vínhamos de uma agenda reivindicatória de lutar
contra as propostas do governo neoliberal que o governo de Fernando Henrique
Cardoso apresentava, tivemos o desafio de construir uma outra agenda, mais
propositiva. Porque agora não era mais pra mobilizar apenas para denunciar as
mazelas do capitalismo. Agora nós também tínhamos que apresentar a saída. Tá
bom, vocês acham que a educação está ruim, mas o que vocês propõem para mudar a
educação?
Então, conseguimos convencer o governo da necessidade de
construir um novo decreto para retomar o processo de fortalecimento das escolas
técnicas federais, conseguimos fazer com que o governo em determinada medida
abraçasse a ideia de atrelar os investimentos na educação básica, conseguimos
ganhar o governo para a ideia de que era necessários construir um debate sobre
a reformulação da educação básica no Brasil, conseguimos ganhar o governo para
o debate de que era preciso ampliar o acesso a Universidade, e que aqui a gente
caminhou de duas maneiras: uma foi fazendo a defesa do ProUni e outra foi a
luta nas Universidades Estaduais e Federais para poder aprovar a cota para
estudantes de escolas públicas e estudantes carentes.
Foi um período do movimento estudantil secundarista muito
decisivo, em que a gente teve que aprender a atuar no ambiente político em que
nós não podíamos nos confundir com o governo, mas não podíamos também considerar
aquele governo igual ao que a gente considerava o governo anterior. E o ápice
disso foi o ano de 2005, o último ano da minha gestão na presidência da UBES,
que teve aquele processo de mobilização da direita brasileira para promover o impeachment do presidente Lula, e que
acabou sendo derrotada nas ruas pelas mobilizações que nós fizemos.
E um dia marcante foi o 16 de agosto de 2005, quando fizemos
uma mobilização que ficou conhecida como “Fica, Lula!”, e que a gente botou ali na Esplanada dos Ministérios cerca
de 30 mil pessoas para dizer à direita brasileira, em especial para o PSDB, de
que se quisessem depor o presidente Lula teriam que enfrentar o povo nas ruas,
já que o governo Lula era uma vitória das forças progressistas e democráticas
de nosso país, e por isso não aceitaríamos essa tentativa golpista.
E assim se deu a minha passagem pela UBES: marcada por luta,
por muita mobilização, e que pessoalmente, para a luta política que eu vivo,
foi muito importante porque me deu a possibilidade de conhecer a realidade
brasileira. Foram muitas viagens, para muitos estados, e isso me fez apaixonar
ainda mais pelo Brasil. Todo brasileiro ama o Brasil, só que muita gente ama o
Brasil sem conhecê-lo, então foi muito bom conhecer o Brasil, poder conhecer a Bahia
como eu conheço, conhecer Salvador, mas conhecer também Porto Alegre, Manaus,
Florianópolis, Cuiabá, Brasília, Goiânia, João Pessoa, Fortaleza...
A consequência disso foi a indicação para que a gente
presidisse a União da Juventude Socialista. Eu saí da UBES, assumi a
vice-presidência nacional da UJS por cerca de seis meses, e na sequência assumi
a presidência nacional da UJS com o desafio de fortalecer a luta da UJS e de
consolidá-la como a principal organização juvenil e política defensora do Socialismo
no Brasil. Fui eleito presidente nacional no mês de junho de 2006, reeleito em
2008, e no Congresso de 2010 deixei a presidência da UJS, com 30 anos de idade.
Então eu tinha metade da minha vida dedicada à construção das lutas e
mobilizações juvenis no Brasil.
Nesse período em que eu atuei na militância do movimento
juvenil, participei desde as lutas que denunciaram a política educacional e as
privatizações do governo de Fernando Henrique Cardoso, das mobilizações em
Salvador pela cassação do senador Antônio Carlos Magalhães, participei da
Revolta do Buzú, dos principais embates políticos do primeiro momento do
governo Lula, e acompanhei, já na presidência da UJS, lutas como a reforma
universitária e a necessidade de ampliar os investimentos na educação, debates
que ajudaram na elaboração de propostas como a campanha pelos 50% dos recursos
do Fundo Social do Pré-Sal e pelos 10% do PIB para a educação. Então tudo isso
foram lutas que contaram, em alguma medida, com a nossa participação.
SL – Tem muita gente que diz que a juventude brasileira é acomodada e não
gosta da luta. Você concorda com isso? Como você acha que a nossa juventude
pode se tornar mais engajada na luta política?
MG – Eu acho o seguinte: tem um sentimento na política
brasileira que busca negar à juventude o direito de ser agente político e todo
movimento que eu fiz até hoje foram movimentos para combater essa ideia. A
política é um espaço pra lutar por transformações – não existe possibilidade de
transformação fora da política, e a juventude precisa estar cada vez mais
inserida nos espaços de decisão. O movimento que a gente faz é esse. Essa
afirmação que trata da participação política da juventude busca reforçar esse
conceito.
Então, a afirmação que a juventude não faz luta política e
que essa geração é acomodada busca afastar os jovens dos embates políticos, o
que é uma grande mentira. Todas as gerações têm seus créditos, a história do
Brasil é uma história de lutas e mobilizações. Não teve um movimento da
história do Brasil que não tivesse luta, mobilização. Eu sempre gosto de dar o exemplo da
escravidão: até hoje tem-se a ideia de que a escravidão no Brasil acabou porque
a princesa Isabel era uma pessoa muito bondosa, e isso é ensinado hoje nas
escolas, em pleno ano de 2012, de que a princesa Isabel era muito bondosa e foi
lá e assinou a lei Áurea. Mas conta-se pouco que até chegar na Lei Áurea foi
preciso ter a Lei do Ventre Livre, a lei que libertava os escravos com mais de
60 anos, e que todas essas leis foram conquistadas com luta. Foram uma série de
mobilizações que resultaram em uma conquista maior, e isso tudo contou com a
participação do povo. E nisso aqui estava inserida a juventude, ou o que é que
foi a participação de figuras como Zumbi dos Palmares e Castro Alves? Foram
duas lideranças que já a partir de sua juventude atuaram para poder afastar do
Brasil o regime de escravidão.
Ato contra a tentativa de privatização do Elevador Lacerda |
Olhe as mobilizações para denunciar o governo de Fernando
Henrique Cardoso, as mobilizações que evitaram o impeachment do Lula em 2005,
como citei anteriormente. A direita brasileira queria afastar o Lula, e se não
fosse a juventude brasileira, naquele momento, tomar a frente nas mobilizações,
quem sabe o que teria acontecido na história do nosso país.
O Brasil está agora pra conquistar uma grande vitória, que é
essa vitória de conseguir ampliar os investimentos em educação. Hoje, o Brasil
investe algo próximo a 5% do PIB na educação, e a nossa luta é pra chegar a
10%, e o governo já admite chegar a 8%, o que já é uma grande vitória! Se você
pega o que era investido até 2002, isso significa dobrar o investimento em
educação, comparado com o PIB, em menos de 10 anos. Então é uma grande vitória,
sim! E são vitórias asseguradas a partir do envolvimento da juventude, de
bandeiras políticas elaboradas e desenvolvidas pela juventude. O que a
juventude brasileira mais fez e mais faz é luta e mobilização, e espero que
sempre seja assim, e eu sou
daqueles que acreditam no potencial transformador da juventude, e que dá
crédito às mobilizações construídas pela juventude.
Manifestação de estudantes da UFBA por mais investimentos em educação |
MG – Quando a gente fala em Salvador – e eu conheço muita
gente de outros estados – eu sempre falo de Salvador fazendo a propaganda da
cidade perfeita. Pô, Salvador é demais, é bonita, tem um povo acolhedor,
inteligente, trabalhador... então a gente apresenta Salvador como a melhor das
cidades, só que a nossa cidade é uma cidade
de um povo acolhedor, alegre, trabalhador, só que ela também é hoje a cidade do
lixo, a cidade do descaso, a cidade do abandono, a cidade que tem um dos piores
transportes públicos das capitais brasileiras, é uma cidade abandonada.
A cidade de Salvador é uma cidade abandonada.
E uma parte significativa da culpa por esse abandono é do
prefeito atual. Nós temos o desprazer de ter um prefeito que não consegue
cumprir as obrigações básicas de uma administração. Antes de falar dos
problemas mais visíveis, vamos pegar algumas obrigações legais do prefeito. Está
na Constituição: todo prefeito precisa investir no mínimo 25% de seu orçamento
em educação. Todo prefeito precisa investir no mínimo 15% de seu orçamento em
saúde. O prefeito de Salvador não investe: teve as contas de 2009 e de 2010 rejeitadas
pelos mesmos motivos – não cumpriu com a Constituição, deixando de investir em
setores que são fundamentais. Isso é um exemplo de incompetência
administrativa.
Para pegar o lado do abandono da cidade, você circula nos
principais espaços da cidade, são espaços abandonados, é lixo acumulado, são
espaços públicos deteriorados, são praças que ao invés de se tornarem espaços
para atender ao bem estar da população, estão completamente entregues, sujos, e
isso se dá pela baixa capacidade da administração pública que a gente tem hoje.
Ato pela rejeição das contas do prefeito João Henrique |
Salvador é a terceira maior cidade do Brasil do ponto de
vista da população, mas ela sofre de problemas que outras grandes cidades já
deixaram para trás. Nós não temos um serviço de transporte público que atenda a
demanda – e quando eu falo de um serviço de transporte público eu não estou
falando apenas de ônibus para transportar a população mais pobre, não. Uma
cidade que se respeita garante transporte público para o conjunto da população,
porque enquanto não tiver um serviço de transporte público que atraia inclusive
a classe média, um ônibus que tenha qualidade, um metrô que tenha qualidade,
que tenha segurança, o trânsito da cidade fica caótico da maneira como está
hoje. Então nós precisamos de um transporte público que consiga atacar esses
problemas, que seja um transporte para o conjunto da população, não apenas para
a população mais pobre. Nenhuma cidade grande e desenvolvida no mundo conseguiu
enfrentar o problema do transporte público sem ter um sistema de transporte que
abarcasse o conjunto da população.
Se você pega do ponto de vista da indústria e do comércio,
temos um cidade que não consegue sobreviver o ano todo. Salvador ainda é uma
cidade que, entre o período de dezembro a fevereiro tudo funciona, e quando
chega do mês de março ao mês de novembro, quase tudo fecha. Restaurantes, casas
de show, estabelecimentos de todo tipo são fechados, porque é uma cidade que só
consegue se movimentar em um período restrito. Então Salvador precisa se preparar
para funcionar o ano todo. É um cidade bonita, mas que perde hoje, do ponto de
vista da capacidade de atração turística, para Fortaleza. Um município que tem
o potencial como Salvador não consegue se preparar para ser o segundo destino
turístico do Brasil, como já foi um dia.
E a administração da cidade é lamentável, e por isso a
passeata que foi feita há um tempo atrás tinha o objetivo de pressionar os
vereadores para que eles reprovassem as contas de João Henrique. Reprovando as
contas dele, a gente o afasta da política por oito anos, tornando-o inelegível,
o que é uma lição para um prefeito que prestou um desserviço dessa magnitude à
cidade, e segundo porque chama a atenção para os próximos governantes: esse é
um ano eleitoral, e é preciso que os vários candidatos apresentem propostas
viáveis para a nossa cidade, que possam responder a problemas graves que tem
aqui, como o desemprego, que é um problema grave, já que não conseguimos atrair
investimentos e por isso temos índices de desemprego elevados. Precisa
responder ao problema da segurança pública, em parceria com o governo do
estado, já que não se pode achar que a segurança pública é um problema do
estado e que o município se desresponsabiliza disso, como ocorre hoje. Responder
o problema do transporte público, da construção e manutenção de espaços
públicos de lazer para a cidade.
Todas essas são questões que precisam ser debatidas para
melhorar as condições de vida dos que moram na cidade. Nesse recorte aqui está
a juventude. Quais ideias que a juventude deveria defender com mais força esse
ano de 2012, sobretudo levando em consideração que é um ano eleitoral? É
preciso repensar uma série de questões aqui para Salvador, questões que passam
por otimizar os espaços públicos, constituir parcerias que possibilitassem aos
jovens ter acesso à cursos profissionais, pra dar vazão a demandas que hoje são
reprimidas, estabelecer parcerias com Universidades que possibilitassem ao
jovem ter acesso a cursos de idiomas, coisas que ajudassem na formação e na preparação
do jovem para os desafios do futuro.
SL – A propósito, o PCdoB, em sua
Convenção Eleitoral realizada em 17 de junho, aprovou o seu nome como candidato
a vereador nessas eleições, ao lado da deputada Alice Portugal como candidata à
prefeitura. De onde vem essa vontade de
concorrer a uma vaga na Câmara?
Ao lado do deputado federal Daniel Almeida na Convenção do PCdoB que homologou a candidatura de Marcelo para vereador e a deputada Alice Portugal para prefeita |
Mas também tem as formas que não
são claras. A renovação da política é algo necessário para oxigenar o debate
sobre as propostas. Se você for observar os jovens parlamentares que temos
hoje, são jovens que geralmente tem na sua família alguma tradição na política,
esses jovens geralmente tem no seu sobrenome as palavras Neto, Filho ou Júnior,
geralmente é assim, e aqui na Bahia nós temos exemplos disso.
Então, o nosso Partido, que vai
disputar nesse ano pela primeira vez a prefeitura de Salvador, decidiu montar
uma chapa que possibilitasse o PCdoB crescer a sua influência na Câmara dos
Vereadores, e vai lançar uma chapa com quase 70 candidaturas. Dentre essas
candidaturas, o Partido mapeou a necessidade de ter uma candidatura que
dialogasse com o público jovem, que dialogasse com o público das Universidades,
das principais escolas, que dialogasse com a necessidade de renovação da
política e da composição da Câmara dos Vereadores, para poder ajudar a fazer
com que a Câmara consiga recuperar o seu papel de espaço legislador e que
consiga debater novas ideias, novas propostas, para responder aos problemas da
nossa cidade.
Disso surgiu o debate de nossa
candidatura, e a gente topou esse desafio de disputar a nossa primeira eleição.
Além disso, há uma crítica da população quanto à qualidade da Câmara dos
Vereadores: pesquisas têm apontado que o povo está muito insatisfeito com a
composição da Câmara de Salvador, e a
qualificação da Câmara pode e deve se dar também com a eleição de parlamentares
jovens, que tenham identidade com as organizações do movimento
estudantil, com as organizações que tem legitimidade e que tem uma série de
propostas para melhorar as condições de vida da população como um todo.
SL - O slogan que você tem utilizado pra divulgar as suas bandeiras é
“Novas Ideias para Salvador”. O que isso quer dizer?
MG – Esse é um objetivo nosso, a
gente tem trabalhado com essa ideia. E a proposta é desenvolver uma campanha
que consiga levantar uma série de novas ideias para poder apresentar para a
população. A gente acredita na possibilidade de construir um mandato jovem que
consiga dar grandes contribuições para os debates de nossa cidade.
Porque não pensar num projeto que
pense na construção de um programa tipo “ProUni municipal”? Porque não pensar
na construção de um projeto que pense em dar à população o acesso à internet
sem fio de modo gratuito? Porque não pensar em projetos que incentivem o uso da
bicicleta como transporte público, ligando um ponto a outro da cidade? Porque
não pensar em projetos que incentivem a prática de esportes na juventude, a
partir de aparelhos desenvolvidos e sustentados pelo estado? Porque não pensar
em projetos que possam incentivar a ida do jovem ao teatro, que hoje é um
negócio muito caro, e porque não incentivar a construção de teatros populares
nos bairros de Salvador? Porque não pensar em projetos que possam aproximar a
Universidades dos bairros mais periféricos de nossa cidade?
São coisas que a gente tem
levantado. São projetos que tratam desde tirar proveito do fato de Salvador
realizar grandes eventos como a Copa do Mundo, apresentando na construção de
suas obras soluções para a cidade, a pensar medidas mais específicas, de
constituição de uma biblioteca que circule os bairros da cidade, por exemplo. Trata-se
da construção de iniciativas grandes, de projetos grandes, mas também de
iniciativas pequenas.
SL – Por fim, qual a mensagem que
você deixa aos leitores de nosso Blog?
MG – Olhe, a mensagem é de
otimismo, e a mudança depende de participação. Se a juventude e a população
tiver ganha para a ideia de que é possível transformar, de que é possível
melhorar, de que é possível fazer de Salvador uma cidade melhor de viver, nós
vamos conseguir fazer isso. A partir do momento em que a gente vote em pessoas
que estejam compromissadas com esse objetivo, a partir do momento em que a
gente aposte em projetos que assumam a responsabilidade de caminhar nessa
direção.
E eu acho que a população de Salvador – e a gente vai tentar fazer uma
campanha nesse sentido – precisa recuperar o orgulho de ser soteropolitano, que
é um orgulho que joga pra frente, que te propõe ser melhor. Salvador
tem todas as condições geográficas, políticas, econômicas, de se transformar em
uma das principais cidades do mundo, e o desafio nosso tem que ser esse:
preparar Salvador para o futuro, mas fazer isso agora. Preparar Salvador pra
ser essa grande cidade enfrentando problemas agora, hoje.
Não pode ser normal Salvador ser
motivos de piada porque ainda não tem metrô. Não pode ser normal as praias de
Salvador serem sujas, ter um subúrbio lindo como tem hoje, e ser algo
abandonado, esquecido. Não pode ser normal Salvador ter as taxas de desemprego
que tem, conviver com a sujeira que ela vive hoje e funcionar só no verão. Não
poder ser normal a juventude não ter acesso ao teatro porque ele é muito caro e
não ter acesso ao cinema porque as grandes salas de cinema não disponibilizam
as condições para o jovem. Não pode ser normal tudo isso. Então tem que ter uma
cidade em que a juventude consiga ter acesso de maneira qualificada a todos
esses espaços. É possível construir uma
cidade que dê ao jovem o direito de ser jovem e que dê a ele condições de ter
acesso a esses instrumentos de formação.
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