Por Deborah Moreira, no sítio Vermelho:
Onze anos depois da primeira edição do Fórum Social Mundial, quando era secretária do governo Olívio Dutra (PT), Dilma Rousseff retorna a Porto Alegre como presidente da República para falar a cerca de 5 mil pessoas que participam do Fórum Social Temático 2012, no Ginásio de Esportes Gigantinho. Ela defendeu a participação da sociedade nas discussões sobre desenvolvimento sustentável e a soberania da América Latina diante das pressões econômicas mundiais.
Dilma Rousseff foi recebida ao som de gritos de guerra como "Olê olê olê olê, Dilma, Dilma" e "Dilma Guerreira da Pátria Brasileira" que compunham o ambiente repleto de faixas e cartazes. O ex-presidente Lula, que também visitou o evento enquanto presidente da República, também foi lembrado pelo coro dos presentes nas arquibancadas.
“O papel da sociedade civil será determinante para a realização da Rio+20. Eu tenho certeza, um outro mundo é possível”, disse a presidente. Ela lembrou que a esperança foi o que a moveu quando era militante, e que essa mesma esperança tem em relação à conferência.
Dilma Rousseff considerou que o encontro em Porto Alegre, que discute propostas que serão levadas à Cúpula dos Povos, evento alternativo à Conferência Rio+20, da ONU, onde todos os países devem discutir e determinar novas metas de sustentabilidade para a redução do aquecimento global, ganhou força diante do cenário atual de crise mundial.
Ainda sobre a crise, lembrou que durante a primeira edição do FSM o que se discutia era a crise que ainda estava por vir. “Ela se tornou real desde 2008. Mas, nesses últimos anos surgiram respostas progressistas e democráticas para enfrentá-la”, disse a presidente da República, que discursou durante cerca de 30 minutos.
Depois de fazer uma exposição sobre o cenário internacional econômico, mencionou as conquistas e transformações que estão em curso nos últimos anos na América Latina e mandou um recado: “Nossos países não sacrificam sua soberania frente à pressão de grupos financeiros e agências de classificação de risco”.
Ela recordou os tempos de recessão enfrentados pelo Brasil e países da América do Sul por causa das soluções técnicas do sistema financeiro. As mesmas que estão sendo adotadas agora na Europa.
Voltando a falar da sociedade civil organizada, referiu-se aos movimentos recentes surgidos no mundo, contra o capital financeiro e o desemprego, que ocupam as praças das capitais de países como Estados Unidos e Espanha, como um sintoma importante que não pode ser desconsiderado.
"Não é fácil produzir novas ideias e alternativas quando estamos dominados por preconceitos políticos e ideológicos. Nos anos 80 e 90, foram eles que impeliram os países da América Latina a um modelo conservador que levou nosso país à estagnação, aprofundando a pobreza, o desemprego e a exclusão social. Hoje, são essas receitas fracassadas que estão sendo adotadas na Europa”, falou Dilma, sendo bastante aplaudida por militantes de organizações sociais e partidos políticos presentes.
A presidente Dilma mencionou a melhora dos indicadores econômicos do Brasil afirmando que está se tornado em “um país de classes médias”. “O Brasil é hoje um outro país. Ninguém pode nos tirar isso. Somos hoje um país mais forte, mais desenvolvido e mais respeitado”. Porém, lembrou que é preciso corrigir a condenação ao baixo desenvolvimento de uma parte do país, o Norte e o Nordeste.
Sustentabilidade e desenvolvimento
A presidente frisou que é possível “crescer, incluir, proteger e conservar” e deu novo significado a palavra sustentabilidade, afirmando que “ significa o aprofundamento dos mecanismos de participação social e o fortalecimento da nossa democracia, e uma inserção soberana e competitiva no mundo.”
“Queremos que a palavra desenvolvimento apareça ao lado da palavra sustentabilidade”, completou.
Com relação à Rio+20, ressaltou que será um momento importante para a renovação de ideias. "A Rio+20 vai enfrentar uma questão mais ampla e decisiva. Um novo modelo de desenvolvimento nas suas dimensões econômica, social e ambiental", pontuou.
Ela frisou que é preciso encontrar um modelo de desenvolvimento que articule crescimento, geração de emprego, erradicação da pobreza e redução das desigualdades, além da ampliação de direitos na área de Educação, Saúde e inovação tecnológica, visando o uso sustentável e a preservação dos recursos ambientais.
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