Por Gustavo Alves, em seu blog:
Eu não tenho nenhum amigo ou pessoa próxima que possa ser considerada rica. Conheço uns poucos remediados, e um ou outro que se acha, mas ninguém rico de verdade.
Talvez por isso eu tenha ficado tão chocado ao ver o show de horrores chamado "Mulheres Ricas" nesta segunda-feira.
Nas imagens produzidas nas revistas de celebridades, sempre presentes nas recepções de médicos e dentistas, os ricos ficam protegidos de suas palavras e ações graças às frases construídas pelas assessorias de imprensa e pelo photoshop.
Já tinha visto um pouco do que pensa este parco grupo de seres humanos, no inacreditável vídeo das senhoras paulistanas que se revoltavam contra o MST, os estudantes da USP, a corrupção e outras coisas no final do ano passado.
Também imaginava que programas como "O Aprendiz", que transpiram a filosofia barata de gerente de vendas e que pautam as cabeças dos aspirantes a rico, pudessem me preparar para o que vi.
Vã ilusão.
Nunca imaginei que a futilidade, a estupidez, a arrogância, pudessem vir embaladas em tanta estultice.
As ditas mulheres ricas ultrapassam em muito as barreiras do ridículo.
Uma senhora que se confunde com um personagem criado em sua mente e materializado numa boneca é um caso ímpar.
Outra que pronuncia palavras num inglês ininteligível, acompanhada de sua amiga a exaltar as características do champagne, "que não incha o rosto".
E para completar o espetáculo, um simulacro de ser humano que justifica suas compras "para gerar emprego para gente pobre".
Essa "gente branca" é a face mais real do pesadelo social em que vivemos.
Certamente não foi essa a intenção, mas uma hora deste programa arregimentou mais gente revoltada que centenas de horas de programas eleitorais.
Rolei de rir com as piadas que surgiram no twitter sobre o programa. nem vou citá-las, pois foram tantas e tão boas que esquecer alguma é uma injustiça.
Posso dizer que, como velho comunista, muitas vezes nos perdemos na luta e deixamos de olhar na direção do Brasil que queremos construir.
Graças a Band, vou dormir tendo viva em minha mente o Brasil que quero: um Brasil sem "Mulheres Ricas".
Valeu Band.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Um comentário:
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Parece até brincadeira de mal gosto Caio, colocar um programa desse nível para substituir o CQC.
ResponderExcluirIsso sem falar que essas "Mulheres Ricas" representam uma minoria de nossa população.
Ainda não assisti o programa, más só pelas chamadas que passavam na Band, já dava pra ter uma idéia de como seria. A Band errou feio.