quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Erundina: "Impeachment de Dilma é atraso e PSB está desconfigurado"

Luiza Erundina é deputada federal pelo PSB de São Paulo

Dona de opiniões fortes, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) deixou claro, em entrevista à edição desta segunda-feira do diário Valor Econômico, ser contrária ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), ao retorno dos militares e revela, ainda, que este será seu último mandato. Segundo Erundina, nos próximos anos, seu trabalho em Brasília terá como prioridade temas como a reforma política e a democratização das comunicações.

Sobre o PSB, partida ao qual é coligada, ex-prefeita de São Paulo não poupou críticas. Disse que o PSB está “desfigurado e sem personalidade”. Ainda segundo Luiza Erundina, o partido que apoiou o candidato Aécio Neves no segundo turno das eleições precisa voltar a ser socialista. Completou dizendo que “um partido não deve existir para disputar o poder a cada quatro anos, mas para propor soluções aos problemas estruturais do país”.

Luiza Erundina: cidadã e assistente social

Ao revelar que este será o quinto e último mandato, a atual deputada federal garantiu que não deixará de atuar politicamente. Erundina disse que “irá atuar com como cidadã e assistente social”. Ela alerta para a questão da terra está intocada. “Não se avançou na reforma urbana. Vou manter o engajamento e a militância para garantir que reformas estruturais aconteçam. Nesses sentidos entendo que não vou sair da política enquanto essas questões não estiverem resolvidas e dificilmente estarão no meu tempo de vida”.

Primeiro mandato do governo Dilma

Segundo a parlamentar, o governo da presidenta reeleita teve problemas como o jogo político. Para o jornal Erundina disse: “A impressão é que ela não tem gosto pelo jogo político democrático. A política é um jogo no bom sentido. É uma luta de interesses. O diálogo é importante não só com aliado, mas com a oposição. O que existe hoje é só barganha através de cargos, ministérios e emendas. Isso não ajuda a construir a cidadania política ao lado do povo. Dilma deixou a desejar, sobretudo em relação ao método de gestão. Ela governou de forma centralizada e autoritária. Com isso, comprometeu o avanço da organização da sociedade civil no exercício da política. Mas isso é um processo que já vem desde o governo Lula, que contribui para o esvaziamento do movimento sindical”.

Contra os movimentos em prol do impeachment da presidenta, Luiza Erundina afirma que as manifestações mostram o vazio dos partidos políticos e que a sociedade brasileira está atrasada.

Eleições 2014

O apoio do PSB ao PSDB no segundo turno das eleições presidenciáveis deste ano desagradou Erundina. Para ela, “o ideal era ter liberado os companheiros pelas alianças regionais que foram feitas com PT e PSDB”. Sobre Marina Silva, a deputada afirma que discordou da posição da candidata no segundo turno e que a mesma não soube defender o programa criado por Eduardo Campos e o partido.

Reforma política

Ao ser questionada sobre a Reforma Política, Erundina diz que não tem expectativa que de ocorra, já que “parlamentares não entendem ou não querem entender que a política faz parte de um sistema esgotado e obsoleto no que diz respeito às regras eleitorais, ao funcionamento dos partidos e do Estado e na relação entre poderes”.

Comissão Nacional da Verdade

Sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, a deputada federal foi bastante crítica. Para ela, “o governo brasileiro continua em dívida com as vítimas da ditadura militar”. Ainda segundo a deputada, a Comissão traiu os movimentos sociais e comparou o trabalho realizado no Brasil com as soluções dadas em países como Argentina, Uruguai e Chile, onde os responsáveis pela ditadura militar foram presos.

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